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A contradição no cotidiano

O ser humano possui pouco conhecimento e uma prova disso é a generalização, momento em que alega que tudo ou todas sejam de determinada maneira como se conhecesse o assunto.

Muitos comportamentos são nocivos a outras pessoas, razão pela qual são condenáveis. No entanto, como o ser humano não possui controle sobre si ou consciência sobre as suas decisões, ela acaba por reagir baseado em suas emoções. Por este motivo criou-se a ideia de que existem emoções boas, que motivam as pessoas a terem comportamentos positivos e desejáveis para outras pessoas, e emoções ruins, aquelas que motivam comportamentos indesejáveis a outras pessoas. Por conta dessa crença acredita-se que as pessoas devem sem a mar e que o ódio deva ser eliminado porque acredita-se que o amor impulsione as pessoas a agirem de forma mais benevolente e produtiva para com as outras e que o ódio gere o efeito oposto. O fato é que as pessoas não querem os sentimentos, mas as ações que as concederão benefícios e como os sentimentos são as motivações para tais atitudes, foi feito a ligação entre emoção e resultado de ação.

Com tal crença na sociedade, cria-se outras. Como o repúdio, assim como o ódio, geram resultados desagradáveis, a população alega que o sentimento seja ruim, tirando a responsabilidade da pessoa por suas ações e responsabilizando o sentimento que a motivou. Dessa forma, a crença de que o ódio e o repúdio são errados, ruins e nocivos foi criada. Contudo, existem ódios desejáveis bem como repúdios que devem ser nutridos e alimentados, sendo um comportamento contrário à crença criada, mas como isso é possível?

O ser humano conhece pouco sobre si e sobre o mundo, portanto comete equívocos frequentemente e um deles é a generalização. Enquanto a humanidade acredita que todos os ódios sejam ruins, ela também favorece e alimenta alguns ódios, agindo contra a própria palavra. A sociedade condena alguns sentimentos (comportamentos) em determinadas situações, mas os incentivam em outras situações, contudo faz alegações absolutas, genéricas e inflexíveis. A sociedade afirma que o ódio seja ruim, porém promove eventos e discursos em que as pessoas possam gritar, xingar e humilhar outras pessoas como pessoas que são preconceituosas e arrogantes. As mesmas pessoas que afirmam que o ódio seja ruim e que deva ser abolido são as mesmas que fazem discursos de ódio, agindo contra si mesmas.

As afirmações genéricas e globais feitas não são verdade visto que as pessoas não agem de acordo com tais ideias. Portanto, estas afirmativas são falsas e mentirosas, servindo para que a pessoa se mostre amigável e pacífica num determinado momento enquanto age de maneira agressiva atacando outras através de discursos falsos e xingamentos.

É por conta deste comportamento que o repúdio seja algo tido como ruim e negativo, e, portanto, que deva ser evitado. Porém, quando algo é tido como ruim o repúdio é considerado um dever moral da pessoa “de bem”, ou seja, embora esta pessoa considere o repúdio ruim por gerar danos a outra pessoa, ela se sente no dever de agir contra as suas palavras para defender algo que considere correto (Mais contraditório que isso é improvável de achar). Assim, o repúdio é repudiado no primeiro momento, por gerar dano a alguém, mas é fortemente motivado a ponto de ser considerado um dever.

As pessoas que necessitam de plateia, como artistas dependentes, são pessoas que precisam agrada o público para mantê-lo e fazer uma nota de repúdio publicamente é uma ferramenta de mostrar ao público o seu posicionamento, agindo de maneira contrária às premissas do bem estar social e coletivo para agradar justamente o público, gerando o bem estar social e coletivo de seu público por agir da maneira que este deseja.

É interessante perceber que o repúdio é uma espécie de violência, visto que gera exclusão social, xingamentos e violência verbal e psicológica. Visto que a sociedade condena a violência, o resultado lógico seria que o repúdio não fosse feito e que, quando ocorresse, fosse reprimido e a pessoa que o criou fosse punida. Porém não é o que acontece. A realidade é que a sociedade que condena o ato de repúdio e faz repúdio ao mesmo.

O fato é que a sociedade condena alguns atos e outros não como já mencionado. Os primeiros podem e devem ser repudiamos, violentados, condenados e criminalizados como forma de punição por não agradar à sociedade ainda que a mesma alegue que seja contra todos estes atos assim como o ódio é odiado e repudiado sendo que ambos são sentimentos condenados por esta sociedade.

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