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Você quer controle ou felicidade? 

Imagine-se como um locatário de um imóvel. Você usa o imóvel de alguém como lar e paga ao dono por isso. É um empréstimo.

 

Imagine que o imóvel precise ou ficaria melhor com algumas obras ou atualizações. Você pagaria para que estas obras fossem feitas ou não?

 

Agora imagine determinada situação: você pode ganhar R$10 ou pode ganhar R$50 e ter R$10 roubado. Qual das duas é a melhor?

 

 

 

Respostas:

Se você escolheu por não pagar as obras no apartamento em que você mora, escolhendo não ter o benefício das mesmas, você é uma pessoa orgulhosa que encara o mundo como 8 ou 80. Você acha que tudo é disputado, tendo um ganhador e um perdedor. Se você não sente que é o ganhador, então é o perdedor e como essa sensação é ruim, você a evita tanto quanto o possível.

 

Você prefere não pagar a obra que lhe dará benefício porque acredita que o proprietário “ganhará”, ou seja, em vez de ver o benefício para si, enxerga somente a luta com o proprietário.

 

O sofrimento e o estresse por não bancar a obra que faria o SEU lar mais agradável é menor d que o sofrimento em acreditar que alguém tirará vantagem de você, neste caso, o proprietário que “ganhará” o benefício em sua propriedade.

 

O medo de se sentir perdedor ou inferior ao outro é grande demais e você tenta evitá-lo a todo custo, mesmo que isso lhe cause estresse diariamente por não ter um lar mais acolhedor, mais agradável.

 

Caso você escolha bancar a obra, você é uma pessoa que preza mais por seu bem-estar independente do outro. Se o outro ganhará algo com a sua atitude não é problema seu e até pode ser mais vantajoso porque os dois “lados” terão ganho: o inquilino, você, que terá uma casa melhor, e o proprietário que poderá usufruir do benefício após fim de contrato.

 

É um pensamento mais egocêntrico, visto que busca a própria satisfação, porém menos egoísta já que não disputa com ninguém e não deseja a derrota para outrem.

 

 

No segundo caso, se você escolheu a primeira opção, você prefere a sensação de controle e poder, sem ser usado por outrem nem ter qualquer prejuízo causado por outra pessoa. Você prefere ter o controle a ter o dinheiro porque a sensação d ser superior e à prova de ser enganado é mais importante do que o montante em dinheiro.

 

Já na segunda opção, você valoriza mais o resultado para si, independente de outrem. Podendo ganhar R$10 ou o quádruplo (R$50-R$10=R$40) com alguém roubando parte, você escolhe o que rende mais. Se outras pessoas vão lhe roubar é menos importante do que o montante em dinheiro que você adquire. Portanto, assim como o inquilino que investe em seu lar, apesar de ter outro como proprietário, você é uma pessoa egocêntrica, pensando em si independente de outros, e menos egoísta porque não se importa tanto com os demais, diferente da primeira opção em que o que está em jogo é quem tem mais poder sobre o outro, quem é menos enganado, menos usado por terceiros. Ou seja, é um pensamento egoísta porque precisa que outra pessoa não seja melhor bem como dependente dessa.

 

O pensamento orgulhoso é um pensamento egocêntrico, em que a pessoa se acha o centro do mundo, e egoísta, em que a pessoa enxerga o mundo como lutas onde haverá somente um ganhador.  Portanto, para vencer o outro, é preciso ser melhor do que este ou que este seja pior. De qualquer maneira, é um pensamento que precisa do outro e que este outro seja pior, resultando na vitória.

 

Sem haver alguém na disputa, a vitória é impossível assim como a boa sensação advinda dela. Dessa forma, a pessoa PRECISA de outras para poder disputar e ter a chance de ganhar.

 

A pessoa com este pensamento é uma pessoa que se compara com as demais. A vitória pode ser somente a percepção/crença de ser uma pessoa melhor do que a outra e consegui-la pode ser muito fácil. Distorções, manipulações, comparações entre a imaginação e a realidade assim como a comparação entre as virtudes de si com os defeitos do outro criam a “conclusão” de que a pessoa é melhor do que o outro de forma fácil, simples e rápida e, principalmente, sem que o indivíduo precise se esforçar para ser uma pessoa melhor que o outro. Portanto, é uma maneira fácil de se viver bem, mas apenas aparentemente.

 

Os resultados dessas comparações duram pouco e, assim, a boa sensação se desfaz rapidamente também. A realidade não pode ser ignorada completamente, então perceber que há outras pessoas vitoriosas, outras pessoas boas e pessoas melhores do que a si mesmo acontece rotineiramente. É por isso que a “conclusão” de ser uma boa pessoa, uma pessoa melhor do que a outra, acaba por durar pouco. Então a pessoa precisa reforçar a sua “conclusão” fazendo diversas vezes as técnicas para se enganar e se sentir melhor do que o outro.

 

Fazendo sempre mais do mesmo, a pessoa se torna especialista e distorcer a realidade para fazê-la caber em sua “conclusão” se torna mais rotineiro. Quanto mais a pessoa distorce, mais consegue do que quer, mais rápido consegue distorcer e mais fácil consegue a “conclusão”. Isso significa que a pessoa distorce cada vez mais acreditando em sua distorção transformando-a numa pessoa fora da realidade. De tanto distorcer, perceber a realidade passa a ser um desafio e acreditar nas distorções fica cada vez mais fácil.

 

O ser humano se transforma em especialista naquilo que faz com frequência. Ademais, gostamos do que conhecemos e tememos o desconhecido. Isso significa que escolhemos o que “conhecemos” do que o novo ou diferente e, se conhecemos o pensamento de distorção, nós optamos por este em vez de outros e caímos na armadilha de acreditar que o que acreditamos é mais real do que qualquer outra coisa.

 

Esse comportamento é visto em qualquer assunto. Buscamos pessoas que possuem as mesmas opiniões que nós e por ouvi-la sentimos que não são opiniões, mas fatos. São “fatos” que reforçam a própria opinião. Vivemos neste ciclo, buscando comprovações de que nossas opiniões são verdadeiras/fatos, desprezando opiniões opostas e ignorando provas contrárias porque não buscamos a realidade, mas a sensação de segurança de que as nossas crenças são verdade.

 

É assim que criamos e vivemos em bolhas. Todos nós. Queremos o que nos é cômodo.

 

 

 

O pensamento egocêntrico é voltado para si e todos devem tê-lo porque é o tipo de pensamento que resulta no bem-estar do indivíduo, essencial para que ele sobreviva, viva, produza e colabore.

 

Este pensamento não depende (tanto) de outros. Por viver em sociedade, o indivíduo é dependente dos demais, no entanto, a sua vida é projetada para si mesmo sem precisar que outros sejam prejudicados para tal.

 

É um pensamento onde o indivíduo se compara consigo ou mesmo ou sequer faz comparação. Tem uma mente mais objetiva que se concentra do que deseja ter ou ser. Para tal, cria estratégias e planos para alcançar tais objetivos. Se o objetivo é de ser uma pessoa diferente do que é, cabe à própria pessoa traçar as metas e executar o plano. Se o objetivo é de ter algo, a pessoa cria um plano para conseguir o que deseja e, neste plano, há os demais.

 

Se o objetivo é comprar uma casa, por exemplo, fazer dinheiro é necessário. Para tal, a pessoa precisa de um emprego ou trabalho, os quais dependem de outros. Contudo, a pessoa precisa da funcionabilidade alheia, não dos outro em si. Se os demais estão felizes ou tristes, se eles são prejudicados ou ajudados não têm importância. Daí ser um pensamento egocêntrico: os demais são parte da sociedade, pequenos grãos de um todo gigante e a pessoa depende desse todo, não de indivíduos em si. Claro que existem as relações diretas, mas a pessoa não disputa nada com ninguém, ela tem objetivos que são para ela mesma.

 

É um pensamento de adição porque as pessoas não disputam nada, elas visam se fortalecerem para conseguirem o que desejam. A comparação que conseguem ter é do que tinham e têm agora ou do que têm e o que terão, ou seja, são comparações dentro da própria vida.

 

O pensamento egoísta é comum no ser humano enquanto o egóico é ainda uma novidade, razão de ser desconfiado. Uma pessoa que enxerga lutas a enfrentar e ganhar não consegue compreender como alguém não vê nenhuma batalha. Se tudo precisa ser disputado, havendo ganhador e perdedor, como alguém pode não disputar coisa alguma? Como se consegue algo sem ganhar uma briga? É por isso que egoístas não entendem (e não confiam) em egocêntricos. Contudo, os egocêntricos entendem o egoísta porque, inevitavelmente, a vida possui disputas onde apenas os vencedores conseguem os prêmios.

 

Num concurso, nem todos conseguirão o prêmio disputado. Apenas o melhor ou os melhores conseguirão; na busca por emprego, quem tem mais qualidades para exercer a função será chamado e “ganhará” o prêmio (o emprego); numa liquidação, quem chega primeiro tem mais chance de conseguir as promoções…

 

A disputa existe em nossas vidas. Disputamos melhores notas, melhores resultados, melhores empregos, melhores salários, melhores amigos, melhores amantes, melhores elogios, melhores posições sociais… Nós disputamos. A diferença está na forma de enxergar a vida: enquanto o egoísta torce para que o outro perca para que ele seja melhor (ele não quer ser o melhor, ele quer que o outro seja pior, isto é, ele não quer se esforçar para melhorar), o egocêntrico tenta se aperfeiçoar e o resultado de ser uma pessoa com mais qualidades é visto nas vitórias dessas competições. Ele não concorre com os outros, ele concorre consigo mesmo, com o melhor que pode ser para conseguir o seu objetivo. Assim, tendo competição com outras pessoas ou não, ele vive se aprimorando, aumentando suas qualidades e o resultado é visível nas disputas ganhas.

 

Quando o egocêntrico perde, fica triste e tenta se melhorar. Quando o egoísta perde, enxerga que outros os enganaram e fica com raiva deles por conta disso.

 

Quem tem mais chance de vencer? Quem é mais feliz?

 

Para o egocêntrico, a felicidade está em ter e ser o que deseja. Para o egoísta, a felicidade está em acreditar ser melhor que os outros. Diante da solidão, o egocêntrico pensa e cria planos para a sua vida, já o egoísta sofre em não poder se comparar para se sentir melhor que o outro e sofre com a própria companhia.

 

Provavelmente, para o egoísta, a felicidade é justamente ter o controle sobre os demais para poder se colocar acima deles e “concluir” ser melhor. Para ele, a felicidade é a sensação de segurança, seja a segurança do corpo, da mente ou da emoção. Por isso que egoístas lutam com opiniões contrárias às suas, lutam com provas que refutam as suas ideias e brigam ferozmente para impor suas emoções em forma de opiniões. Quando os demais concordam, se sentem seguros, felizes.

 

 Já para o egocêntrico, a felicidade está em satisfazer as suas próprias vontades. Tendo sublimado a sua perspectiva sobre a vida, a segurança vem de si próprio, não precisando se impor ou dominar os outros. Ele mesmo acredita em si, em suas ideias emoções, então não precisa provar para ninguém quem é evitando desgastes com lutas. Tendo mais segurança e tempo, busca outras satisfações, satisfações pessoais, as quais ninguém pode lhe roubar. Portanto, tendem a serem mais felizes por conseguirem mais prazer na vida e prazeres que dependem mais de si mesmo do que de outros. Daí serem (aparentemente) mais felizes.

 

E você, quer controle (sensação de segurança) ou felicidade (satisfação)? 

 

Veja mais em Controle emocional, Um sentimento obscuro (link em 6 março de 2024) e Conseguimos perceber a realidade ou nos afogamos em nossos próprios sentimentos? (link em 10 de abril de 2024).

 

 

 

 

 

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