Quando a realidade nos incomoda muito, fazemos o possível para ignorá-la. Seja para não lidar com a angústia de não viver o que queremos quanto para manter a esperança de que a realidade não seja tão ruim quanto pensamos.
Uma pessoa gorda que não gosta de ser gorda evita a balança para não ver o seu verdadeiro peso. Dessa forma, pode manter em mente que não está tão gordo quando a balança mostraria e, assim, se sentir mais feliz ou menos angustiado.
No entanto, as roupas que veste são grandes e as dificuldades por estar com sobrepeso permanecem. Mesmo assim, ainda é possível criar uma imagem sobre si mesmo em sua mente de forma que o seu corpo não esteja tão gordo quanto na verdade está.
É por este motivo que esta pessoa gorda também evita o espelho: para não ver a quão gorda ela está porque isso a incomoda.
É assim que todos nós vivemos: ignorando o que não gostamos tanto quanto o possível apesar de lidarmos com ela na vida prática.
Criamos uma ideia do que e de quem somos. Uma ideia que mistura o que percebemos com o que desejamos e tememos. Uma ideia em que acreditamos ser verdade, não apenas uma ideia, e brigamos com todos que não mantenham essa afirmação. É assim que transformamos “gordo” em ofensa porque a pessoa que ouve tal afirmação ignora esta realidade e, desejando que não a seja, afirma não a ser. Dessa forma, ela ouve algo ruim a seu respeito que “não é verdade” que é a ofensa.
Então, chamar alguém de gordo é ofensivo, não uma afirmativa verdadeira e, portanto, deve ser proibido e discriminado. É assim que transformamos a realidade em fantasia e criticamos a verdade onde estamos inseridos: afirmando e defendendo a nossa loucura.
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