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O preconceito numa sociedade estúpida

As pessoas são tão preconceituosas, agindo baseadas em crenças sem comprovações e sem investigar os fundamentos das próprias crenças, que buscam preconceitos opostos para combater preconceitos atuais.

A ideologia (crença) de que homem seja melhor do que mulher faz com que populações ajam como se tal crença fosse verdade. Não é contestado ou avaliado a origem de tal crença para entender se ela é verdadeira, ou seja, se seus fundamentos são reais e sustentam a ideia final. Somente acredita-se que é verdade e, a partir disso, constrói-se a sociedade.

Percepções sobre outras etnias também são baseadas em ideias não fundamentadas na realidade, apenas em suposições advindas de desejos, pouco conhecimento e muito medo. Ao desejar ser superior que alega-se que o é; ao acreditar que todos são iguais alega-se que assim é, ainda que não haja nenhuma evidência ou prova de que tais crenças sejam reais.

Assim, quem se sente prejudicado com tais ideias as contestam e se rebelam, exigindo igualdades por não haver provas de que as pessoas não sejam iguais. Isso significa que, ao não ter provas de que o homem seja melhor do que a mulher conclui-se que isso não é verdade e, portanto, a mulher deve ser tratada de maneira igual. Não há investigação da origem da crença do homem ser melhor tampouco se homem e mulher são iguais. A rebeldia leva a pessoa a crer que, se não tem prova de que são diferentes, então são iguais, embora não haja provas da igualdade também.

O que antes era verdade passa a ser visto como preconceito e quem se sente prejudicado exige um comportamento diferente da sociedade e uma indenização por ter sido prejudicado com a ignorância anterior, ainda que o prejuízo não fosse visto dessa maneira uma vez que a crença era vista como realidade/verdade.

Então leis e incentivos para valorizar os prejudicados aparecem, agindo de maneira oposta: agora o preconceito é contra quem já foi valorizado na época em que não havia questionamento sobre a verdade, apenas a aceitação da mesma. Leis que exigem que mulheres, negros, determinados doentes e outras minorias façam parte de algumas políticas exercem o preconceito abertamente e legalmente contra pessoas que não estão dentro desses grupos. Isso significa que uma pessoa que tenha a capacidade de exercer uma atividade pode não ser escolhida somente por não ser mulher ou negra e uma pessoa que não tenha qualificação suficiente para efetivar o trabalho pode ser escolhida pelo simples fato de ser parte do grupo hipervalorizado através de idealizações, não por provas.

Esse comportamento revela que a sociedade que se comporta assim valoriza mais o sexo ou a cor de pele do que a capacidade da pessoa realizar a tarefa pela qual está sendo contratada deixando claro que o resultado prático ou concreto não é tão importante quanto a sensação de bem estar das minorias.

Este cenário pode se sustentar em algumas situações, mas não em todas. Veja mais em A maioria pode vencer enquanto o resultado for minimamente satisfatório.

É dessa maneira que o ser humano parece lidar com o preconceito: criando o preconceito inverso mantendo-se no comportamento pendular de alternar entre as extremidades em vez de buscar o equilíbrio. 

O uso da inteligência ou ciência para elucidar o assunto e melhorar a sociedade é descartado ou ignorado revelando a falta de sensatez da espécie bem como a natureza emotiva e passional que reage sem pensar buscando satisfação imediata sem se preocupar com prováveis resultados danos no futuro.

A valorização de características sem importância para a realização de uma tarefa impede o progresso da sociedade e mostra como buscamos o prazer visual e mental uma vez que buscamos pessoas bonitas e que alimentem nossas ideias em vez de buscarmos pessoas eficientes para se conseguir o resultado prático. 

As massas focadas se o presidente é homem, mulher, negro ou tenha outras características mostra que não se dá importância à capacidade de gerenciar um país para exercer tal cargo. Isso vale para outras áreas como a busca por mulheres na filosofia, busca de mulheres em jogos que são predominantemente masculinos, busca por negros em cargos onde há mais pessoas de cor clara… em nenhum momento há a preocupação se a pessoa no cargo tem capacidade de exercê-lo e isso mostra uma sociedade que se importa com as aparências, não com o conteúdo. Assim, uma presidente que não sabe governar é mais valorizada do que um presidente que sabe; uma mulher que escreve umas poucas linhas de filosofia é enaltecida enquanto eu homens brilhantes têm suas ideias ignoradas por serem provenientes de homens; uma organização disfuncional composta por mulheres é mais valiosa do que uma feita por homens que sabem se organizar e executar suas tarefas…

Tudo isso para alimentar as nossas ideologias de que o mundo deva ser assim porque é da maneira que nós desejamos, não porque é da maneira mais produtiva ou funcional. Desprezamos quem odiamos e apenas por isso afirmamos que tais pessoas não tenham valor e buscamos formas de implementar esta ideia na prática. Também supervalorizamos quem amamos e fazemos o que podemos para mostrar ao mundo o quanto esta pessoa é maravilhosa, ainda que não seja.

O ser humano, com o seu pensamento dual e exclusivo, cria os preconceitos que, nada mais são, do que ideias extremas e fixas. Portanto, a maneira de se acabar com um preconceito, ou um  lado da linha, é criando o oposto ou retirando o outro extremo, o que cria novos preconceitos e novos extremos. Este tipo de pensamento ignora toda a infinidade de pontos entre ambos os lados e não cogita uma possibilidade diferente, apenas igual ou oposta. Daí que, para “retirar” um preconceito, criamos outro porque a maneira preconceituosa de pensar é da natureza humana, não um resultado da ciência ou da lógica.

Esse comportamento mostra que esta sociedade preza mais pela aparência do que pelo conteúdo ou capacidade do indivíduo, o que demonstra estupidez, bem como revela que a maneira que o ser humano tem para lidar com o preconceito é fazê-lo de maneira contrária, o que gera resultados similares, porém de forma oposta (novas minorias são formadas e protestarão contra as maiorias atuais exatamente como fora feito antes do atual preconceito legal entrar em vigor). Ambas evidências relatam somente a falta de capacidade intelectual de tal sociedade que busca resolver conflitos criando outros.

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