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O fim da profissão professor

A tecnologia nos permite gravar imagens com sons (vídeos). Isso não é novidade. Vemos filmes e televisão há anos, a diferença é que temos facilidade para isso agora.

Aulas podem ser gravadas e os alunos podem assistir dentro de suas agendas. Isso significa que o professor pode dar somente uma aula, grava-la e não repeti-la. No primeiro momento parece bom, pois o professor terá mais tempo para outras atividades, tanto pessoais quanto profissionais como a produção de trabalhos e provas e planejamento de aula, itens que necessitam de tempo. Porém, com o passar do tempo e a convivência com a tecnologia pode chegar a um momento em que o professor não precise mais reprisar a aula, ou seja, uma vez gravada não haja necessidade de fazê-la novamente, diferente do que acontece em que o professor da a mesma aula para várias turmas e essa aula se repete no ano seguinte para a nova turma da mesma série.

Com isso surge uma questão: o que acontecerá com os professores de agora em meio a essa ferramenta que os leva ser menos essenciais?

Assim como muitas pessoas perderam os seus empregos por serem substituídas por máquinas, parece que a carreira de professor passará pelo mesmo processo.

A carreira de professor está para ser remodelada e quem não se adaptar à mudança perderá sua carreira. Isso acontece com várias outras profissões sempre que surge uma tecnologia que a afete, oferecendo-a de forma mais econômica porque as pessoas buscam o que desejam da maneira mais fácil e barata possível. Há que se adapte e modernize sua carreira e há que perca o emprego no ramo atualizado.

Outra questão é: quantos professores serão desnecessários já que um único professor pode atender maior demanda com suas aulas virtuais e gravadas? Antes as aulas tinham um determinado número de alunos, mas agora o mesmo professor pode ensinar a milhares de alunos com suas aulas gravadas. A demanda por professores se reduzirá e isso afetará a remuneração, a qual reflete a relação oferta e demanda, uma vez que não faz sentido pagar um valor alto para um produto ou serviço podendo ter o mesmo por menor valor.

Talvez estejamos diante de uma mudança drástica da educação acadêmica onde a oferta de conteúdo e conhecimento passe a ser excessiva, diminuindo o valor de quem ensina ou passa o conhecimento. Na verdade, essa oferta excessiva já existe. Quem tenha internet pode ter acesso a muito mais conteúdos e conhecimentos do que todo o ensino fundamental e médio, basta buscar.

Apesar de parecer que a carreira de professor esteja para acabar ou tornar-se rara, a escola oferece outras necessidades que não nos damos conta.

Muitas pessoas acreditam que escolas sejam centros de ensinamento de conteúdos acadêmicos e tratam-na como tal. Porém as escolas oferecem uma necessidade básica para o ser humano: socialização e convivência.

O ser humano vive em sociedade e é sociável. Desenvolver essa característica é essencial para que o indivíduo se relacione bem com os demais, o que o faz se sentir bem e produtivo, sendo que isso é fundamental para o coletivo. Embora nos esqueçamos dessa característica porque não aprendemos de maneira direta, com o professor falando, nós a aprendemos através da vivência, falas, comportamento e relacionamentos e a escola oferece tudo isso. Ainda que aprendamos os conteúdos virtualmente, sem precisar de tantos professores, não conseguimos aprender a socializar de maneira adequada sem nos relacionarmos com outras pessoas.

Em casa nós aprendemos como a sociedade funciona em uma pequena escala, iniciando o processo de socialização e convivência. Na escola aumentamos essa escala e nos deparamos mais pessoas e pessoas diferentes. Passamos também a ter relacionamentos indiretos ao nos relacionarmos com os diretores através dos professores, por exemplo. Isso é importante para o desenvolvimento do indivíduo e não pode ser feito em ambiente virtual (desconheço essa possibilidade). Portanto, por mais que professores não sejam tão fundamentais em um momento próximo a estrutura escolar permanecerá. Ademais, a escola é um local onde se deixa as crianças em segurança enquanto os pais trabalham. Se elas não existirem haverá necessidade de locais de recreação para esta finalidade porque não é possível levar os filhos para o trabalho tampouco deixa-lo em casa, exceto se forem adolescentes e responsáveis.

Isso significa que a carreira de professor como a conhecemos atualmente pode ser reduzida drasticamente, mantendo em aulas gravadas, enquanto que outra profissão surge para suprir essa demanda que existe.

1 comentário em “O fim da profissão professor”

  1. Pingback: O limite da mente acadêmica – Filosofia 21

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