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O crime da felicidade

Muitas pessoas vivem reclamando da vida, vendo-se como vítimas e exigindo que outras satisfaçam as suas vontades, sejam pais, irmãos, parentes, governos ou outras.

A regra é clara: a maior vítima tem mais atenção, recebe mais dó e mais “ajuda” (outras pessoas satisfazem algumas de suas vontades). Por conta disso que o comportamento de se vitimizar viralizou, é rotina e normal. Quem não reclama, quem não sente pena de si mesmo e não busca a pena alheia não tem vez e é ignorado. Muitas vezes esta pessoa que age diferente, com alegria, confiança, satisfação e felicidade é reprimida, discriminada, ignorada, caluniada e difamada com palavras, olhares ou ações diretas daqueles que não apreciam a sua maneira de ser e se ver no mundo.

As pessoas felizes são excluídas dos grupos onde a vitimização é o padrão e a disputa é para descobrir quem é mais prejudicada e mais insatisfeita na vida. Não participar destes grupos é positivo para quem conquista o que deseja na vida porque não gasta tempo com comportamentos que não geram bons resultados como culpar alguém, sentir pena de si ou fofocar. A pessoa feliz está comprometida com a própria felicidade, criando-a a partir de seus planos e apreciando-a a cada instante. Ainda que ela não goste de fazer parte dos grupos onde a disputa para ser a vítima é o padrão, sofre com a exclusão e fofocas daqueles que são covardes ou burros para fazerem a própria felicidade.

Diante de pessoas que buscam se vitimizar, alegar ser feliz e fazer o que gosta é interpretado como arrogância e orgulho, comportamentos tidos como ruins através de palavras e incentivados por ações. Assim, a pessoa feliz é vista como arrogante em vez de satisfeita, orgulhosa em vez de confiante e, por isso, é condenada como se fosse uma pessoa ruim e egoísta (unicamente, como se quem a julgasse não fosse).

As vítimas desejam a felicidade e a veem em quem é feliz. Isso significa que deseja a “igualdade” (neste quesito) e, então, afirmam que a igualdade é correta e boa e que desigualdade seja ruim e prejudicial, embora esta afirmação não seja uma verdade, mas uma opinião (desejo daquele que a alega). Então a pessoa feliz não é igual às vítimas. As vítimas acham que se elas não são felizes, então não é possível sê-las e, portanto, que está “roubando” ou agindo de maneira desonesta, um pensamento comum no ser humano (alegar que o outro está errado em vez de aceitar que não somos tão bons quanto desejamos/acreditamos ser). A conclusão é lógica: a pessoa feliz é desonesta, quem deve ser punida por isso, bem como não merece empatia porque empatia, muitas vezes tida como dó/pena, é dirigida unicamente para quem sofre, os infelizes. Assim, é quase como se fosse um crime ser feliz por não compartilhar do sofrimento dos outros, por ter o sucesso que os outros não têm e por não depender dos outros (as “vítimas” sentem que a pessoa feliz se sente acima delas, pensamento que reflete o sentimento de humilhação e inferioridade das próprias vítimas. Normalmente a pessoa feliz sequer pensa sobre o assunto porque não compete com ninguém visto que faz tudo por si e não precisa da pena alheia).

É com esse julgamento, de ser “criminoso” ser feliz em meio a tantas pessoas reclamando e com pena de si mesmas, que as pessoas felizes são tratadas por estas. Por isso estas caluniam, difamam e fofocam sobre as felizes: é o meio que acham para diminuir a felicidade alheia (por acreditarem necessitarem de uma boa reputação visto que elas necessitam e, por isso, acham que todos também necessitam) e, por comparação, aumentarem as delas mesmas.

Estes pensamentos são comumente inconscientes. As pessoas apenas “sentem as conclusões” ao sentirem que há desonestidade, sentirem inveja, sentirem ciúme e outros sentimentos ou emoções.

Como ser feliz e fazer o que gosta pode ser considerado ruim? Como ela pode ser considerada egoísta unicamente se as pessoas que têm dó de si mesmas disputam justamente a posição de vítima para receber atenção, ajuda e amparo?

A pessoa feliz está ocupada trabalhando, produzindo e colaborando para a sociedade de várias formas, incentivando o trabalho alheio através de contratações de serviços e compras de produtos, tratando bem e com respeito quem passe em sua vida e agradecendo a todos que também cooperam para o progresso (satisfação e desenvolvimento) da sociedade. Já quem tem pena de si mesmo busca por atenção, alguém que faça por elas e difamando quem tenha mais do que ela, seja em produto, satisfação, felicidade ou outro item que busca. É um comportamento óbvio de egoísmo onde a pessoa ignora todas as demais e foca somente em si mesma e acredita que os demais também devam lhe dar atenção e lhe satisfazer como se fosse a pessoa mais importante para todos que é um comportamento de grande egoísmo. Esta pessoa acredita que quem tenha o que ela não tem seja egoísta e má porque acreditar nisso faz com que ela se sinta melhor por ser “moralmente” superior já que em sua mente a aquisição e felicidade das pessoas de sucesso foram adquiridas de maneiras erradas (moralmente). Ou seja, por não criarem a própria felicidade e invejarem quem a tenha encontram uma maneira de criticar quem a possui para que momentaneamente se sintam melhores do que estas comparativamente.

É através destes pensamentos que as pessoas mais egoístas alegam ser as mais altruístas enquanto as mais altruístas são vistas/caluniadas como as mais egoístas.

O assunto sobre egoísmo também é interessante e está atrelado a toda essa maneira de pensar. O egoísmo é a pessoa pensar em si mesma, ignorando ou desprezando as demais, variando entre buscar o melhor para si (considerando os outros) e buscar o melhor para si acima de tudo (às custas de outros se necessário).

A pessoa mais egoísta não se importa com as demais e uma vítima, que está focada em si e tenta provar que merece atenção, ajuda e acolhimento, é uma pessoa que se enquadra no conceito de egoísta acima de tudo visto que não se importa com outras vítimas, quer compaixão em vez de oferecer, busca ajuda em vez de dar e quer que os outros a satisfaça em vez de saciar os demais. A ideia de vítima é praticamente a ideia de egoísta acima de tudo.

Para mudar essa percepção e conseguir a compaixão alheia bem como ser vista como uma boa pessoa (boa reputação social), a pessoa alega que o altruísmo é bom e deve ser exercido e incentivado. Contudo, o que é altruísmo senão valorizar mais o outro do que a si mesmo, sendo o oposto do egoísmo?

Analisando a própria ideia, quem valoriza mais o outro do que a si vive para satisfazer o outro em vez de si mesmo o que significa que a pessoa não cria a própria felicidade, mas a do outro. Qual é o sentido de vivermos para o outro em vez de buscarmos a nossa própria satisfação? Nenhum. Todas as pessoas buscam a própria satisfação e prazer, seja sendo produtiva, fazendo feliz quem aprecia, conseguindo o que deseja e outras maneira. O resultado é sempre o mesmo: a busca pela própria satisfação e isso não é uma hipótese, mas uma constatação. Sendo assim, o egoísmo é o padrão e é revelado nesta busca pela própria satisfação.

A pessoa que se diz vítima nada mais é do que alguém que tenta manipular os demais para que eles a satisfaçam, sendo egoísta acima de tudo ao usar os outros. Como ela depende de outras pessoas para conseguir o que deseja, alega que o altruísmo (dessas outras pessoas) seja bom e que deve ser exercido e incentivado, ou seja, alegar que o altruísmo seja bom é apenas uma maneira de se manipular as pessoas para que elas a sirvam, o que é um comportamento muito egoísta (egoísta acima de tudo).

Interessante perceber que as pessoas que agem dessa maneira falam o que é bom e agem de maneira oposta, embora se coloquem no primeiro grupo. Elas falam que o altruísmo deve ser feito, que o egoísmo é ruim, e agem com puro egoísmo.

O fato é que quem se sente impotente para fazer a própria felicidade deseja ouvir que alguém a fará feliz porque é a única maneira que consegue imaginar alcançar tal ponto em sua vida. Então, ouvir que o altruísmo é bom é cativante e conquista o seu coração por oferecer esperança, ainda que não seja real ou possível. Daí que tantas pessoas, vítimas por não serem felizes, acreditam e apoiam discursos sobre altruísmo e que condenam o egoísmo exatamente por zerem egoístas. Já quem é feliz e cria a vida que deseja não é cativado por discursos irreais ou infundados, ignorando-os e até mesmo temendo aquele quem discursa porque, visto que a vítima é quem manipula os demais para que eles a satisfaçam e o discursante usa de ideias para manipular massas sendo, portanto, similar às “vítimas” (egoístas acima de tudo), é provável que o discursante use de táticas para usar e manipular os outros e estas pessoas não querem ser usadas.

Dessa forma criam-se dois grupos bem caracterizados: o grupo promissor e altruísta, que investe na sociedade através de si, e o grupo egoísta, que acredita que a sociedade deva lhe satisfazer.

Interessante notar que o primeiro grupo possui muitas pessoas que participam de projetos e inventivos sociais, contratam mais servidores e trabalhadores, investem em organizações sociais, fazem grandes doações e doações mais constantes e incentivam o lazer através de incentivos culturais agindo de maneira menos egoísta (considerando os outros). Já o segundo grupo possui pessoas que reclamam, não investem em si mesmas e menos ainda em outras, trabalham com menos qualidade produzindo menos para a sociedade, não participam de projetos nem fazem doações num comportamento muito egoísta (acima de tudo). Para que a sociedade não as veja da forma que são, dão desculpas para explicar o motivo de não serem altruístas ou menos egoístas como “não tenho o que dar”, sendo que todos podem ofertar algo; “trabalho muito e não posso participar de projetos”, sendo que antes e depois do trabalho, bem como os fins de semana, possuem tempo livre, o qual investem em algo para si mesmas; alegam que “seriam melhores se tivessem mais”, uma explicação que culpa a condição da pessoa como se fosse a responsável pela personalidade dela; não doam nada, nem tempo, nem atenção, nem conhecimento, nem ajuda (nem toda doação precisa ser monetária); dentre outras desculpas mentirosas que usam para tentar alegar que são o que provam diariamente que não são assim como um mentiroso que alegar constantemente ser honesto (sincero/verdadeiro).

Esta tática de repetição, falando o que deseja acreditar ser verdade, é muito comum. É usada não apenas para que os outros acreditem em suas palavras em vez de seus atos, mas para a própria pessoa tentar acreditar em suas palavras. Muitas pessoas falam que são boas porque querem ser boas, não porque as são realmente, sendo um exemplo claro de que falamos o que desejamos, não necessariamente a realidade.

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