Muitas pessoas acreditam que deixar de existir seja morrer e que morrer seja o sofrimento do processo de morte. Assim, concluem que deixar de existir seja padecer.
Contudo, deixar de existir seria não existir. Tudo o que somos, incluindo sensações e memórias deixariam de existir e, portanto, não haveria sofrimento algum. Como algo que não existe possa sentir dor, sofrimento, frustração ou qualquer coisa? Não pode.
Talvez nos sintamos mal ou com medo perante a morte porque a conhecemos pelo nosso ponto de vista: de alguém que perde alguém querido. Assim, a nossa perspectiva é que a morte seja dolorosa porque é assim que nos sentimos.
Diversas pessoas sofrem ao longo da vida, muitas adoecem e várias morrem em decorrência de doença. Embora saibamos, vejamos ou sintamos (através da empatia) o sofrimento alheio por tais causas, é na morte dessas pessoas, quando elas param de sofrer, que temos mais pena delas, o que não faz muito sentido porque no momento em que elas finalmente “descansam” por não ter mais o padecimento que sentimos mais dó delas. Nós realmente sentimos pena delas ou de nós por não termos mais a companhia delas?
Para quem acredita em inferno e teme ir para este lugar após a morte, o medo possui mais lógica, uma vez que a pessoa acredita que sofrerá realmente.
Curioso é que muitas pessoas temem a morte, mesmo quem não acredita em punição ou inferno posterior à vida ou até quem alegue que a morte seja algo bom. O fato é que na morte há grande mudança na vida dos envolvidos, com muita perda e dor emocional, motivo pelo qual acreditamos que morrer seja sinal de padecer. Além disso, a morte é algo ainda desconhecido e o ser humano teme o que não conhece (na verdade teme não ter o controle).