Pensar é uma atividade livre. Tão livre que nem nós mesmos conseguimos controlar completamente. A maioria dos nossos pensamentos são inconscientes e os expomos sem perceber através de nosso comportamento.
Ainda que se imponha regras na racionalização e tenta manter o pensamento dentro de uma configuração determinada, não é possível segui-las sempre.
Pensar é observar, analisar, criar hipótese, testar e avaliar o resultado. Parece simples, porém nossos sentimentos, desejos e crenças são partes fundamentais de nós que não temos como ignorar ou esquecer. As nossas ideias são resultados do que sentimos, portanto, o nosso processo de pensar é completamente afetado pelo que sentimos e sabemos disso visto que sabemos que não é bom tomar decisões quando estamos com a cabeça quente.
As nossas opiniões, conjunto de sensações e conhecimentos, são a base dos nossos pensamentos. Pressupomos algumas ideias para criar ou desenvolver outras, e, vindo de nossas opiniões, nada mais são do que opiniões também. Assim, tudo o que pensamos está repleto de nós em vez de lógica ou argumentos e precisamos nos esforçar muito para manter uma linha de pensamentos com menos sentimentos ou opiniões possível.
Buscamos fatos e argumentos para sustentar um raciocínio, uma explicação sobre o que vivenciamos e sobre o que julgamos ser realidade, mas, ainda assim, este costuma ter muitas distorções que não percebemos porque, para nós, é óbvio quando, na verdade, não há nenhuma correlação. Por este motivo que muitas ideias são acreditadas inicialmente e refutadas posteriormente: criou-se um raciocínio inicial que explicava aparentemente um evento baseado na mentalidade da sociedade. Depois descobriu-se que havia mais fatos envolvidos e novo pensamento é criado tentando explicar o evento que, agora, possui mais uma característica. É assim que criamos as teorias e explicações: através do que conseguimos compreender sobre o mundo baseado na nossa interpretação e nos fatos que temos conhecimento.
Essa reação de criar ideias, ou mesmo histórias, para explicar o que sentimos (vida) é natural e inerente do ser humano porque queremos saber sobre o lugar onde estamos para prever os prováveis acontecimentos futuros bem como desejamos controlar e transformar o mundo para que nos agrade. Um processo natural e inconsciente que fazemos o tempo inteiro sem perceber.
Se nem nós mesmos conseguimos controlar, como criar regras para limitar a capacidade de pensar? Daí que todos nós pensamos e pensamos livremente já que cada um tem sua própria coletânea de sentimentos, hábitos, desejos, crenças e os muda o tempo inteiro.
O pensamento é tão livre que cada pessoa consegue ter uma opinião diferente sobre a vida. Ele é tão livre que criamos ideias ilusórias nas quais acreditamos, delírios que afirmamos ser reais e loucuras que são ditas aos 4 ventos como se fossem fatos. Somos fontes inesgotáveis de criatividade sem percebermos, mas se analisarmos bem uma opinião, seu desenvolvimento e origem, no processo inverso, encontraremos quase que apenas criatividade desprovida de embasamentos reais. Veja mais em A confusão de um pensamento, Por que confundimos desejos com realidade? e Pensamentos.
Já o pensamento consciente, um pouco mais lógico, consegue receber limitações. Crenças fazem com que voltemos ao nosso pensamento para um determinado sentido ignorando um universo de possibilidade e concluímos que estas não existam. Veja mais em Hipocrisia: certa ou errada? Boa ou ruim? Por quê?
Para quem “pensa” igual, repetindo o que foi dito, não pensa em si, apenas repete, o modo de aprendizado mais básico do ser humano e que todos possuem. No entanto, há pessoas que não têm o pensamento consciente, apenas o inconsciente e a absorção de pensamentos de outras pessoas. Ainda assim, são livres para concordarem ou não com as ideias que encontra na vida. Veja mais sobre o assunto em Delírios saudáveis.
Então existe o pensamento consciente e controlado, pré-determinado; o pensamento inconsciente em que as opiniões surgem como conclusões de um pensamento desconhecido; e o pensamento absorvido e repetitivo, o mais limitado de todos ao ponto de seguir um padrão.
Em todos os casos, as pessoas são livres para pensar e pensam dentro de suas limitações, querendo ou não porque não temos o controle sobre isso.