Criou-se uma narrativa de que todas as pessoas que cometem crimes só os fazem por falta de educação. Neste contexto, o bandido não é o errado, mas é a vítima, e a vítima do crime não é a vítima, mas o motivo indireto do bandido cometer o crime. Assim, temos que o bandido deve ser cuidado e protegido e as vítimas dos crimes são pessoas normais, vivendo vidas normais e ser alvo de crimes é mais um item na vida normal delas, com o qual devem conviver.
Se os criminosos só cometem crimes por causa da falta de educação acadêmica, então porque pessoas com profissões, que possuem dinheiro e escolaridade, também cometem crimes?
O policial que oferece ou aceita suborno, algo criminoso, não tem educação? Ele o faz por falta de oportunidade na vida, como muitas vezes se diz?
O juiz que concede uma pena fora do julgado adequado é uma pessoa que não teve oportunidade ou educação?
Políticos que possuem diversas regalias, inclusive financeiras, e corrompem, assim o fazem por falta de educação ou oportunidade?
Existe sim a influência do desespero que leva as pessoas a tomarem medidas desesperadas. Para conseguir alimento, para conseguir atendimento médico ou outras situações cruciais à manutenção da vida a pessoa pode aceitar ofertas para participar de ações criminosas ou mesmo tomar a iniciativa para estas. Porém alegar que TODAS as pessoas que cometem crimes fazem por este motivo é não ver a realidade como ela é e ignorar fatos repetidamente mostrados e comprovados. Casos de corrupção entre políticos ilustram bem que a realidade, de que crime não é derivado unicamente de falta de educação, não possuem coerência com a narrativa exaustivamente empregada com palavras e ideias “politicamente corretas.”
VIOLÊNCIA X SENSAÇÃO DE VIOLÊNCIA
Pessoas com mais escolaridade cometem crimes através de ameaças de reputação social. O poder está na manipulação, persuasão e ameaças de desmascarar crimes ou gafes, não havendo o estresse violento intenso, ou seja, a ameaça é sutil, indireta e relacionada a outros aspectos além da integridade física. Dessa forma não sentimos que haja violência.
As pessoas com menos escolaridade tendem a cometerem crimes através de ameaças claras, diretas violentas (físicas) por ser o poder que possuem para forçar ou obrigar o outro a se submeter às suas vontades. Quando possuem o poder social, o usam, tal como as pessoas com mais escolaridade.
Ao analisar rapidamente os assuntos de crime e violência, consideramos violência as agressões físicas ou as ameaças à integridade física. Como consideramos tais ações como crimes, concluímos que violência e crime sejam sinônimos. Somando à ideia de que a violência seja derivada da falta de escolaridade ou opções, adicionamos esta descrição ao sinônimo de violência e crime. Dessa forma temos diversos assuntos que possuem interligações que são considerados sinônimos. Violência e crime são realmente sinônimos?
Assédio sexual, corrupção, humilhações preconceituosas, restrições preconceituosas, estupro de vulnerável ou de vítima bêbada também são crimes, mas não possuem a conotação de violência que temos em nossas mentes (agressões físicas que podem levar à morte direta), motivo pelo qual não os consideramos graves ou violentos. Mas, os resultados são menos graves do que um crime com violência?
Quantas pessoas não sofreriam ou não morreriam se não houvesse corrupção? Quantas pessoas deixariam de desenvolver problemas psicológicos ou psiquiátricos se não fossem vítimas de crimes não violentos, como o assédio sexual? Será mesmo que tais crimes não são violentos?
Talvez estes crimes não tenham resultados abruptos porque estes são a longo prazo, o que dificulta a nossa percepção de causalidade. Por não vermos cenas de violência direta, acreditamos que estas não existam e, dessa forma, consideramos tais crimes como brandos ou não tão graves a ponto de aceitarmos a conviver com eles, sendo mais um item da normalidade.
Crime e violência estão associados em algumas circunstâncias, mas não em todas. É possível ter crime sem violência e ter violência sem crime, uma vez que esta tem uma definição própria para cada um.
Para saber mais, veja em “hipocrisia: certa ou errada? Boa ou ruim? Por que?”