Amor
Uma pequena palavra com tantos significados diferentes que varia de acordo com quem a proclama. Para alguns o amor é o carinho, para outras é a felicidade, para outras é o respeito, para outras é algo a mais.
Desejamos o amor mesmo sem sabermos o que é. Desejamos tanto que afirmamos amar. Mas o que é o amor?
Para cada pessoa que tentar responder, uma resposta confusa e contraditória aparecerá porque não pensou sobre o assunto para defini-lo e explicá-lo, mas tem convicção de ser um sentimento que possui. Sendo o amor um sentimento relacionado a alguma afeição, todos que possuem alguma afeição para com alguém sentem quem amam. Se amam, é porque existe amor em suas vidas e, se existem, eles devem saber o que é. No entanto, na hora de responder não saber defini-lo porque é um sentimento abstrato e não estudado. Ainda assim, por senti-lo têm a certeza de que ele existe e é real. Confuso? É exatamente assim que uma pessoa se sente ao tentar responder esta pergunta.
Amor é o ideal, o que nos falta, o que desejamos e, por isso, tudo pode ser amor. Mas há uma similaridade por entre as definições pessoais: o amor sempre está vinculado a algo bom sem nocividade para ninguém bem como algum tipo de afeto ou carinho. Um bem-estar vindo de uma relação social, vindo de outra pessoa. Portanto, é um sentimento que satisfaz e não fere ninguém.
Paixão
A paixão é uma sensação intensa de desejo. Pode ser desejo pelo estudo, pelo corpo de alguém, de uma personalidade, de uma festa, de uma situação. A paixão é uma compulsão: a pessoa deseja (quase que) exclusivamente o objeto de desejo como se nada mais importasse. Contudo, existe a paixão romântica que é a paixão pelo corpo de alguém ou por uma pessoa. Muitas vezes quem está apaixonado deseja não apenas usufruir do outro, mas “amá-lo” com carinho e lhe dando bem-estar a típica “felicidade” e é por isso que este tipo de paixão é comumente tido como amor.
Sendo o amor um sentimento relacionado ao afeto e carinho e a paixão possui tais características em algumas situações, muitas pessoas usam a palavra amor como sinônimo de paixão romantizando a paixão de forma a transformá-la em algo bom (amor) apesar dos traços negativos (compulsão).
A paixão pelos filhos também é tida como amor por haver a emoção de carinho e afeto por estes. Dessa forma, amamos os nossos filhos e cônjuges (pessoas por quem nos apaixonamos) e, ao mesmo tempo, são “amores” diferentes.
O amor é amor. Não existem amores diferentes assim como não existes águas diferentes. Água é uma fórmula que, em qualquer lugar que ela estiver, será água. Pode acontecer de haver mais do que água no conteúdo que estudamos. A água pode ter alguns íons ou outros componentes fazendo-a ser água com algo. Ainda que retire este algo, haverá água e o mesmo acontece com o amor.
O amor pelos filhos é o amor pelo cônjuge: desejo de afeto para com eles, de carinho e cuidado sendo, portanto, uma conjuntura de sentimentos, não um sentimento em si. Contudo, pelos filhos sentimos preocupação, um cuidado parental, uma admiração parental, um cuidado para com uma pessoa em formação. Muito influenciado pelos instintos da espécie, é o resultado de sentimentos afetuosos e que consideramos bons para com o outro razão pela qual o consideramos como amor. Já o amor pelo cônjuge engloba admiração, afeto, cumplicidade, tesão, desejo, apoio dentre outros. Por conta disso esse “amor” é diferente do amor pelos filhos. Não é o amor, mas os sentimentos envolvidos no relacionamento que se tem com o cônjuge.
O amor em si é o mesmo. Não importa com quem ou quando, sempre será o mesmo. Pode haver outras emoções conjuntamente do amor “transformando-o” em um amor ímpar. Dizer que amamos alguém significa que desejamos esta pessoa de forma afetuosa e, portanto, podemos amar muitas pessoas.
O relacionamento, que possui muitos sentimentos envolvidos, é o que difere de uma pessoa para a outra. Sendo específicos para os envolvidos por serem resultados das personalidades dos envolvidos, cada relacionamento é único. Contudo, por não compreendermos o que é o relacionamento, as emoções envolvidas e sentirmos algum nível de afeição, nós o julgamos como amor. Daí existir tantos tipos de amores: amor (relacionamento) de casal, amor de amigos, amor de familiares…
Existe uma paixão que é comum no ser humano: o ódio. Sendo uma emoção compulsiva, em que a pessoa pensa no seu inimigo constantemente, é uma paixão. É a mais disseminada na espécie porque a base de pensamento do ser humano é focado no que é ou pode ser ruim. Isso acontece porque ao sabermos o que é ruim ou que pode ser ruim, nós o evitamos e, dessa forma, conseguimos zelar por nós mesmos sobrevivendo por mais tempo, tendo mais filhotes e perpetuando a espécie. Pode-se dizer que temos a paixão por assuntos ruins visto que temos obsessão em pensar e falar sobre eles enquanto ignoramos o que nos faz bem ou não representa nenhuma ameaça.
O ódio é o desejo de ver o objeto odiado sofrer. A pessoa pensa muito sobre isso, imagina tal cenário e fala constantemente a respeito demonstrando ser uma paixão. Contudo, não é aceito como tal por ter a ideia da paixão vinculada ao afeto e, no caso do ódio, deseja-se o oposto.
Dois pensamentos opostos se fundamentam na mesma ideia base, o que os fazem compartilhar da mesma essência. A diferença está apenas no sentido do vetor, mas a direção é a mesma. Se há rico, então há pobre. Para ambos, o dinheiro é fundamental e o montante que define o rico como tal também define o pobre como pobre. A base é a mesma: quantidade de dinheiro.
Se há certo, então há errado. Ambos se pautam nas atitudes que devem existir com as que proíbem ser executadas, dois opostos e estes dois são determinados com o que queremos ou não que aconteça. O dever é o oposto da proibição: um precisa ter e o outro não pode ter. duas ideias opostas sobre o mesmo assunto.
Se há gordo, há magro, ambos sentidos opostos do mesmo vetor: excesso ou falta de peso. Repare que não existe o normal ou comum, apenas os extremos. A pessoa é gorda ou magra, com excesso de peso ou com falta de peso. Sendo a falta o “excesso da escassez” que, neste caso é se alimentar pouco “demais”, ambos são o excesso de algo (excesso de alimentação ou excesso de jejum).
Se há amor (paixão), há o ódio em que no primeiro existe o desejo pelo outro e desejo em acariciar o outro enquanto no segundo existe o repúdio e o desejo em fazê-lo sofrer. O mesmo vetor, sentidos opostos. Enquanto no primeiro a pessoa vive pensando naquele que “ama”, faz o que pode para se aproximar e ficar com ele, na segunda a pessoa pensa em formas de prejudicar o outro, maneiras de se aproximar para lhe causar algum mal-estar e vontade de ficar com ele quando ele sofre (desejo em apreciar o sofrimento alheio). Ambos com desejos: um com desejo de afeto (bem-estar) e outro com desejo de sofrimento (mal-estar).
Presos à ideia de que paixão seja amor e que, portanto, seja algo bom e com carinho, não vemos o ódio como uma paixão. Apesar disso, muitas pessoas compartilham da ideia de que “entre o amor e o ódio existe uma linha tênue” demonstrando que as pessoas compreendem emocionalmente que a paixão romântica é parecida com a paixão de ódio. Essa ideia também mostra que ambos estão lado a lado, como se, em vez de ser uma linha reta com extremos, fosse um círculo onde os extremos se encontram.