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A lógica da humilhação

A humilhação, que é o ato de inferiorizar o outro, é uma prática muito comum no mundo. Fazemos isso constantemente, às vezes com mais ênfase, à vezes com menos, às vezes conscientemente e às vezes sem perceber.

Nos sentimos bem quando fazemos isso, contudo, nos sentimos mal quando somos o alvo da humilhação, motivo pelo qual alegamos ser errado e condenamos a sua prática. Mas, qual é o motivo dessa atitude na espécie?

O ser humano não é composto só de corpo, mas há componentes que sabemos que temos por senti-los, porém não entendemos e pouco conhecemos. O componente emocional é um deles: sabemos que temos porque sentimos emoções, porém não entendemos como funciona, como se controla ou altera.

O fato de nos sentimos mal quando somos humilhados é a prova disso. O nosso corpo permanece íntegro e não há qualquer ameaça física, contudo sentimos um mal estar e reagimos.

Gostamos de nos sentir valorizados, amparados, amados, admirados. Tudo que vá contra tais sensações nos são percebidos como ameaça ou nos provoca um mal estar. Para nos sentimos melhores usamos de diversas ferramentas.

Para conseguirmos ter a sensação que desejamos também usamos de diversas táticas e para nos sentir melhor e mais valorizados, a tática usada é de humilhar o outro. Por comparação, se o outro é desvalorizado, a própria pessoa se sente mais valorizada, sentindo-se bem.

Quando o processo de humilhação se inicia, alguém recebe a humilhação ou ofensa e se sente inferiorizada ou envergonhada (a pessoa não tem admiração pela característica que lhe foi atribuída). Para mudar tal sensação, a mesma tenta humilhar o outro na tentativa de sair do foco da vergonha junto de diminuir o valor alheio, aumentando o seu próprio por comparação.

A questão é que as pessoas se sentem ofendidas e humilhadas quando não possuem uma característica que desejam, ainda que seja verdade. Então falar que alguém seja de um jeito que esta pessoa não goste soa como ofensa para essa, mesmo sendo um fato. Como a pessoa se sente ofendida e não tem argumentos para provar o contrário, ela “contra ataca” com alguma inferiorização ou ofensa.

Esse comportamento é rotineiramente visto em debates políticos em que as pessoas passam da parte técnica e baseada em fatos para ataques pessoais e pode ser vista no artigo “Brigar ou discutir?”. A lógica inconsciente é “se não consigo vencer no campo do debate, saio dele” junto de “se não consigo provar que sou melhor, então tento diminuir o outro para, por comparação, me sentir melhor que ele.”

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