Se não somos os responsáveis por nós, nossas escolhas ou nossas vidas, alguém o é?
Comumente responsabilizamos os nossos criadores por todas as insatisfações que temos por eles não terem nos dado ou ensinado. Não culpamos somente os nossos criadores, mas o mundo inteiro. Criticamos o médico que passou o remédio que não fez efeito, o governo por não colocar preços que nos satisfazem, as escolas que não ensinam o que nós julgamos ser interessante aprender, o companheiro por não satisfazer as nossas expectativas… Nós não temos quaisquer responsabilidade sobre o que nos acontece como se não tivéssemos capacidade de fazer escolha, de procurar cursos, informações, mudar de parceiro ou ficar sem parceiro.
Procuramos quem nos sacie, mas não buscamos em nós mesmos. Fazemos isso porque é mais fácil criticar o outro do que perceber que nós temos culpa por termos a vida que tem. Lidar com a culpa e responsabilidade do que fazemos de ruim ou de nossos fracassos é doloroso demais, então buscamos terceirizar essas sensações. Só os corajosos olham para si e se analisam para aprender mais sobre suas capacidades e se aperfeiçoarem. Os demais vivem buscando culpados por suas escolhas.
Continuando com essa vertente de que não somos responsáveis por nós, os nossos criadores podem responsabilizar os criadores deles exatamente pelos menos motivos. Sendo assim, os culpados por nossas insatisfações são quem originou a humanidade.
Mas por que não pensamos assim? Nós buscamos os culpados para exigir indenização e alívio da culpa de sermos os responsáveis. Se o culpado real não está vivo ou não é existente, o nosso objetivo perde a possibilidade de se concretizar. Então culpar os primórdios da humanidade não possibilitará satisfazer os nossos desejos em forma de indenização. Assim, culpar os pais (vivos) ou outros agentes existentes é o motivo de nos focarmos neles e nas suas responsabilidades de nossas insatisfações. Buscamos indenização, satisfação.