O ser humano busca definições simples, pequena e rápida para os objetos. Um desses objetos que se busca definir dessa maneira é o próprio ser humano. Queremos uma resposta rápida, simples e pequena para definir quem somos, seja o coletivo ou o individual. Contudo, independentemente de nossos esforços sempre acabamos por não conseguir dar essa resposta como desejamos.
Por que desejamos que a resposta seja assim, simples, rápida e pequena? Buscamos identificar a nós e os demais. Não queremos nos aprofundar, só queremos saber como devemos tratar as pessoas e o que devemos esperar delas. Por isso queremos uma resposta tão simples e curta, contudo, quanto mais curta ela é, mais vaga também é.
Quando perguntamos a idade, a profissão, o sexo, cor de pele, nacionalidade ou outras características “gerais” (perguntas padrões de identificação) nós buscamos informações sobre o outro. Não queremos saber a idade em si, mas saber qual a linguagem que vamos usar com essa pessoa e ter noção de quais conhecimentos ela possui; não queremos saber a profissão dela em si, mas saber se ela trabalha, qual o ambiente de trabalho dela, qual o círculo social, nível acadêmico e etc; não queremos saber a cor de pele em si, mas ter ideia de onde mora, se sofre com racismo ou não, a maneira com que se veste e formas de falar (identificamos um grupo provável de pertencimento); quando perguntamos sobre a nacionalidade buscamos identificar não o local onde nasceu, mas a cultura e hábitos que possui.
Tudo isso mostra que buscamos informações do outro para saber como lidar com ele. Nós não queremos compreendê-lo ou nos aprofundarmos nele, por isso nós desejamos uma identificação rápida, simples e curta.
Acontece que somos pessoas com diversas características. Além das visíveis, temos muitas outras invisíveis e várias desconhecidas. Somos um poço de emoções e pensamentos, os quais nos levam a ter determinados comportamentos. Estes sim são perceptíveis, contudo as emoções e pensamentos não. Ademais, a maioria destes e dessas são desconhecidos pelo próprio indivíduo. Se a própria pessoa não sabe sobre si, como outro saberá? É possível compreender um indivíduo que não sabe sobre si mesmo, porém isso é se aprofundar nele e estuda-lo, ou seja, não é buscar uma identificação rápida ou curta.