A religião é uma tentativa de explicar o desconhecido através de crenças e interpretações pessoais. Como cada vez se conhece mais sobre o mundo, a religião perde espaço, encolhendo a cada dia.
A religião, assim como mitos, fábulas e histórias inventadas para explicar algo que não compreendemos, perde credibilidade exatamente por aprendermos sobre o mundo.
A religião, bem como estas outras histórias, são maneiras como entende-se o mundo. Portanto são informações que explicam mais sobre nós mesmos, os seus criadores, do que o mundo em si.
Por que criamos histórias para acreditar? Buscamos segurança, não apenas física, mas emocional também. Desejamos saber o que vai acontecer para prevermos situações e nos planejarmos a estas bem como explicações acerca do mundo porque tudo isso nos oferece segurança. Lidar com o imprevisível nos é desagradável, bem como surpresas. Preferimos a segurança de sabermos o que acontecerá ou aconteceu para nos planejarmos e evitarmos situações caóticas que nos provoquem medo ou estresse.
Somos pessoas cheias de crenças que prezamos por estas do que pelo raciocínio lógico. Numa situação nova em que não se sabe o que fazer, preferimos fazer algo do que estudar o evento ou esperar para analisá-lo e o caso da pandemia de 2020 é um exemplo. Mesmo sem dados comprovados, medidas foram adotadas porque acreditou-se que seriam boas, mesmo sem evidências. Fizemos isso por conta de crenças, não por meio de raciocínio lógico, assim como faz a religião.
Quanto mais conhecemos o mundo, quanto mais conhecimento e entendimento temos, menos acreditamos em histórias ou interpretações das pessoas. Passamos a confiar em dados, fatos e eventos porque são mais concretos, firmes e verídicos porque julgamos que é mais real ou verdadeiro, o que nos oferece mais segurança. Isso tudo significa que buscamos a segurança, não apenas física, mas emocional também.
É por isso que tudo que é baseado em crenças sem comprovações, sem fatos, sem dados, acaba por perder o poder de cativar as pessoas já que em algum momento haverão provas de que tais crenças não sejam reais. Entre acreditar em algo não comprovado e algo comprovado, qual escolhemos para acreditar? O que há comprovação porque nos oferece mais segurança de estar correto e de podermos prever os resultados e eventos seguintes, nos planejar e ter menos medo ou estresse. Outra forma de falar o mesmo é: entre rezar para curar de uma doença e usar de medicamentos que se sabe curar a doença, escolhemos os medicamentos pois este nos garantem alcançar o resultado que desejamos. Contudo, quando nos deparamos com algo e não sabemos como resolver, recorremos à religião e crenças infundadas (sem dados comprovados), pois sentir que fazemos algo nos gera uma sensação melhor do que a sensação de não fazermos nada (temos a sensação de que estamos ativos/colaborando para evitar o problema, ainda que não seja verdade, e isso nos gera um prazer e tranquilidade, reduzindo o estresse e medo, nos acalmando).
A pandemia de 2020 também mostrou isso: com a ausência de tratamentos para curar a doença, muitas pessoas recorreram à religiosidade ou outras crenças, mostrando, mais uma vez, que a religião aparece quando há ausência de ciência.
Excelente, como sempre, e muito inspirador.
Apenas senti falta da referencia so imaginário. O pensamento imaginário é algo pideroso pelo seu efeito criativo.
É o imaginario que permite atingir o desconhecido. É o imaginario que possibilita a formulacao das hipoteses cientificas, como o bóson de Higgs, a famosa partícula de Deus, que foi hipótese até virar realidade.
Nem sempre a verdade científica é baseada em evidências e experimentos concretos. A medicina desde o princípio foi baseada na observação e na tentativa e erro.
Hoje estamos pesquisando substâncias aplicadas e utilizadas pelos índios da Amazônia. Que funcionam muito bem. Como os índios sem nenhuma ciência obtiveram esses conhecimentos, senão pela observação e pensamento imaginário e criativo.
Sou seu fã.
A imaginação é necessária sim. Pode ver mais em https://filosofia21.com/a-confusao-de-um-pensamento/ e https://filosofia21.com/por-que-confundimos-desejos-com-realidade/. Estes artigos podem ajudar a elucidar um pouco o assunto.
A verdade científica é baseada em evidências e experimentos. Observações são evidências e tentativa e erro é o método científico (tentativa) chamado de experimento. Se não há evidência ou comprovação não é possível de chamar de verdade (fato).
Os índios faziam e fazem ciência, porém não como imaginamos. Acreditamos que ciência é feita em laboratório, mas nem sempre. Sempre que alguém observa está fazendo ciência. Sempre que alguém tenta está fazendo ciência. Um bebê joga um objeto no chão e observa o que acontece. Um adulto pega e o devolve. O bebê faz novamente a mesma coisa. Ele está observando o objeto cair e a reação do adulto, testando a situação para ver se ela se repetirá sempre. Isso é ciência.O índio que observa um determinado animal matar outro através do toque descobre que tocá-lo faz mal. É uma constatação. Observar essa reação é fazer ciência. Eventualmente, como acontece em laboratórios, ele descobre que há veneno na pele desse animal que promove a morte de outro.
Acredito que o método científico permanece o mesmo: observação (hipótese), teste e constatação. Pode ser feito em qualquer lugar, sobre qualquer coisa ou pessoa, em qualquer momento e por qualquer pessoa. É um método, não é restrito a um tipo de pessoa.
Obrigada pelo comentário.
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