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A importância da fonte, não do conteúdo

Por muitos anos, até poucos séculos atrás, a ideia da terra plana prevaleceu em várias locais da Europa. No entanto, há 2300 anos já fora descoberto este fato. Além disso, também fora calculado a circunferência da Terra bem como a inclinação do planeta, tudo isso na Grécia.

Isso mostra que simplesmente descobrir um fato não o faz ser aceito e difundido pelas sociedades. É preciso reconhecimento e prestígio social para tal, pois as pessoas mais populares possuem mais plateia ou seguidores, alcançando mais indivíduos e disseminando as suas ideias.

Pelo mesmo motivo informações erradas são rapidamente difundidas quando expressas por pessoas com prestígio social. Logo, o que faz uma informação circular não é o fato dela ser correta ou errada, mas quem a expressa.

Um alcoólatra alegar que beber uma taça de vinho moderadamente faz bem à saúde não terá o mesmo poder de convencimento que um médico alegar exatamente a mesma informação. Confiamos num médico, mas não num alcoólatra e não investigamos ou estudamos o assunto para entender e concluir a informação dada, ou seja, não averiguamos a informação.

Queremos a informação, mas não desejamos buscá-la. Queremos que ela nos seja dada e só aceitamos quando confiamos na pessoa que nos fala. Como essa confiança é baseada nos desejos e crenças pessoais, nós já selecionamos as fontes que acreditaremos, limitando o nosso próprio acesso à informação.

Se queremos fazer uma obra e alguém sugere algo, nós recusamos, mas se o engenheiro sugere o mesmo, nós aceitamos porque confiamos mais no engenheiro (em relação à obra) do que alguém que não seja da área.

Este sistema de buscar alguém que conheça mais sobre um assunto em vez de estudarmos o assunto nos ajuda a conseguir mais o que desejamos, pois buscamos opiniões de especialistas, os quais se aproximam mais dos resultados que desejamos.

Quem mostra uma informação é mais importante do que o conteúdo dito em si. Isso acontece porque não temos capacidade ou escolhemos não usá-la para avaliar o teor da informação em si. É mais fácil avaliar quem fornece a informação baseado em sua reputação social, isto é, se vemos essa pessoa como boa ou ruim, o que se baseia em como nós nos sentimos em relação à ela. Assim, misturamos tudo: ao julgar quem diz, dizemos como nós sentimos em relação a tal pessoa e o “prêmio” pela afeição a esta é disseminar a sua ideia positivamente, independentemente de a ideia em si seja verdadeira ou não. Porém, se não gostamos da pessoa por não nos sentirmos bem com ela, acreditamos que ela seja ruim e, portanto, tudo que venha dela também o seja. Então concluímos que as suas ideias sejam ruins sem sequer analisá-las.

A disseminação das ideias de pessoas que não gostamos se dá pela fofoca, quando comentamos com outras pessoas alegando negatividade ou nocividade. Como a fofoca é uma técnica comum na espécie humana, a disseminação se dá rapidamente, alcançando grandes massas.

Na tentativa de desvalorizar, inferiorizar e ridicularizar aquele que não gostamos, falamos mal dele e de suas ideias, divulgando-o e fazendo as suas alegações chegarem a mais pessoas.

Esse sistema de busca por pessoas mais capacitadas e que entendam mais do assunto do que nós nos ajuda por não precisarmos estudar muito para conseguirmos os resultados. No entanto, fazer uso desse sistema em tudo, o tempo todo e em todas as áreas acaba sendo prejudicial, ainda mais porque acabamos por confiar mais em quem tem mais popularidade do que conhecimento e porque disseminamos ideias que não temos certeza, o que colabora para prejuízos sociais mais amplos.

Buscar pessoas com mais conhecimento para ter uma informação é bom e importante, mas acreditar e confiar em todos pode não ser uma boa ideia. Assim como há pessoas públicas que dão informações incorretas, profissionais também o fazem. Portanto, buscar outros profissionais e estudar um pouco do assunto é importante.


Somos pessoas emotivas. Alegamos ser intelectuais, racionais ou melhores que outras porque queremos que isso seja verdade, contudo o que dita as nossas ações e pensamentos são as nossas emoções, as quais são a nossa percepção dos eventos em relação a nós mesmos.

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