Por que as regiões mais ricas e poderosas não estão em climas mais extremos?
Viver em condições difíceis à vida requer habilidades intelectuais mais desenvolvidas Apenas ter saúde corporal não é suficiente. É necessário ter a capacidade de mudar o ambiente para torná-lo mais cômodo, permitindo a vida.
Populações de locais com climas mais severos dependem de suas habilidades mentais de criar o que precisam ou adquirir de alguma forma.
A agropecuária, essencial à vida do ser humano, não é simples, fácil ou permanente em locais com climas mais severos. A produção é limitada e sazonal, porém a necessidade de alimento é permanente. Uma opção é produzir em grande quantidade no período produtivo e estocar durante o tempo que não há produção. Contudo, a agropecuária depende de vastos terrenos e locais que não o possuem não produz tanto. Neste caso é possível importar de outros lugares, seja através de acordos (favores) ou trocas (comércio).
Por ser local de baixa produtividade orgânica (alimentos que dependem do clima e de terras) e grande necessidade de tecnologia para alterar o ambiente, populações de tais regiões se focam em produção tecnológica.
Primeiramente necessita formas de estocar alimentos, seja em refrigeradores, em conservas ou outras formas, advindas de tecnologias. Também é preciso melhorar o ambiente interno do lar, para evitar o frio (ou o calor extremo) através de tecnologias e criatividade. Roupas também dependem de tais habilidades, bem como transportes, serviços e tudo que compõe a sociedade neste local.
A própria população desenvolve a cultura de valorizar habilidades criativas e intelectuais, usadas em geração de tecnologia, a qual é dependente. Assim, os produtos mais atuais são feitos em tais locais com maior frequência.
Estados Unidos é um exemplo. Sofre com tempestades, furacões, baixas temperaturas, vulcões e outras alterações climáticas e o país se recupera. O país cria formas de sobreviver a tais situações caóticas, cria tecnologias para evitar ou diminuir os danos e vive se reconstruindo.
O Japão também já mostrou tais habilidades quando houve o tsunami que destruiu grande parte do país. Rapidamente (em comparação com países sem muita tecnologia) se reergueu.
Já os países de locais mais quentes e constantes podem produzir alimentos o ano inteiro ou quase todo. Possuir boas terras para tal produção também eleva a produtividade e, assim, tais regiões são as grandes exportadoras de alimentos.
O que não é percebido é que tudo e todos colaboram com tudo e com todos. O mundo não é feito de um hemisfério e uma região não é independente das outras, porém aceitar isso é muito difícil porque nos sentimos inferiores, submissos e presos, sensações tão desagradáveis que buscamos todas as formas de evitá-las ou saná-las.
As pessoas oferecem o que têm e pedem o que não têm. Países sem muito alimento o importam e países sem muita tecnologia a importam. É um relacionamento aparentemente simples, porém como depender de outra pessoa ou algo é muito desagradável porque nos dá a sensação de que estamos presos, que somos submissos e de que temos de acatar à vontade do outro, agradando-o para que este nos conceda o que desejamos, buscamos formas de alterar esta relação para tenhamos a dominância e deixemos de ser submissos. Para que isso aconteça, o outro necessariamente deverá ser o submisso.
Para conseguir tal alteração, assim como uma relação pessoal e direta com alguém, procura-se formas de dominar o outro, seja por manipulação, persuasão, ameaças, força ou qualquer estratégia que gere o resultado desejado: a dominância.
Dessa forma, guerras são travadas quando se deseja algo de alguém ou de um local e não se consegue. Quando vias diplomáticas (habilidades sociais) não funcionam, a guerra (emprego da força) é instaurada. Tal comportamento acontece em escala individual (referente a indivíduos), quando tenta-se convencer o outro de várias vias aceitáveis e parte-se para a agressividade verbal e depois para a corporal, chegando à violência física de fato.
As pessoas desejam muitas coisas que não possuem e não produzem. A forma de adquiri-las é através de trocas com aqueles que as têm ou as produz. Isso acontece em qualquer nível da escala humana, desde duas pessoas até aglomerados, nações ou continentes.
Quem deseja dinheiro e não o produz oferece algo de valor para que o tem em troca de uma quantia monetária. Chama-se de venda ou compra de serviço, trabalho ou mão de obra e um exemplo claro disso são os serviços contratados bem como os empregados de alguma empresa ou entidade (todos que oferecem um serviço em troca de uma remuneração). Em termos de nações, pode-se ver a compra (importação) de alimentos de nações que desejam alimento e oferecem o dinheiro ou acordos em troca do produto chamado alimento.
Outra maneira de adquirir o que se deseja é o uso da força e da ameaça do detentor do objeto desejado. Assaltos são exemplo disso em nível individual e guerras são o exemplo em escala mundial.
O ser humano não busca aprender para fazer por si só deforma geral. Ele busca formas de adquirir o que se deseja e, se alguém tem o que ele quer, então dominar esta pessoa para que ela o sirva é a forma de adquirir o que se deseja e tal comportamento é o normal/padrão/comum. As pessoas brigam pelo poder para dominar as outras e ter servos para saciar as suas vontades. Isso se chama extrativismo, pois a pessoa não produz, extrai de algum lugar ou de outrem.
É por isso que as pessoas buscam dependentes, para poder ter o poder sobre tais e dominá-los, em vez de procurar por companheiros, pessoas que são independentes. Estas podem romper a relação a qualquer momento e o dominante, que é um dependente, perder a sua fonte de realização de desejo. Por isso a independência alheia é tão repudiada na prática.
São famílias que não desejam que os familiares sigam com as suas vidas e permaneçam; pais que humilham os filhos para se sentir superior ao mesmo tempo que não motiva e desencoraja os filhos a crescerem e amadureceram; o marido que não quer que a esposa se desenvolva profissionalmente por medo de que ela decida romper com o casamento e ele ficar só ou não ter alguém para substituí-la.
É um país que possui bombas e se impõe através do medo e diz que ninguém mais deve ter bomba por ser algo ruim ou nocivo; é um grupo de pessoas que alega que armas sejam prejudiciais e defende a proibição do porte de arma enquanto mantém os seus seguranças armados bem como a polícia, entidade que tem a permissão para usar a força; um país que não exporta muito alimento e alega que o outro país, grande produtor e exportador, deva reduzir a sua produção através de alegações de proteção de terras e redução destas para o cultivo; um país que deseja vender muito para outros e alega que os demais não devam trabalhar e produzir por algum motivo, como uma doença ou para exigir melhores condições de trabalho (é o desejo de dominar o mercado).
Não estimulamos a independência alheia porque dependemos do outro e não queremos perder as regalias que temos na condição em que estamos.
Excelente descrição dos fatos e comportamentos.