O sofrimento não é carma, destino, castigo ou responsabilidade do outro.
O sofrimento é a sensação de não termos o que desejamos por sermos incapazes de fazê-lo. Então o sofrimento é o sintoma da nossa insatisfação com as habilidades que possuímos. Isso revela a dependência que temos de outras pessoas para que tenhamos o que desejamos por meio delas. Como a sensação de dependência também nos é desagradável, ela agrava a nossa percepção de sofrimento ao somar mais uma sensação desconfortável/negativa.
O sofrimento é sanado com o prazer de satisfazer a vontade.
Buscamos controlar o máximo possível do mundo para que tenhamos pessoas e recursos disponíveis quando os desejarmos, sanando o sofrimento quando se apresenta em uma escala ainda pequena.
Percebemos o sofrimento apenas como vontade. Ao intensificar, o chamamos de necessidade e, quando passamos a não mais conseguir manter o equilíbrio e ficamos obcecados, o chamamos de sofrimento. O sofrimento é um desejo intenso.
Com isso, o sofrimento é a falta de controle, quando perdemos a capacidade de dominar o que pode nos saciar, evitando alcançar a saciedade. Ele revela o nosso ponto fraco, que é o que não temos capacidade de fazer.
Quando estamos sofrendo, a capacidade de raciocínio e planejamento ficam “reduzidas” porque nos focamos no que desejamos. Também perdemos as nossas defesas porque estamos em busca da saciedade e não ficamos em alerta para o que possa nos machucar. Assim, o sofrimento “abre portas” (quem as abre somos nós. O sofrimento é uma emoção/sensação, incapaz de fazer algo independentemente de uma pessoa) para mais sofrimentos, ao não nos alertarmos para possíveis danos.