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Intelecto emocional

Acessamos a ponta de todo o processo de raciocínio que acontece, como a ponto do iceberg. Temos a conclusão, que chamamos de opinião, embora não saibamos o motivo desta. Por isso o pensamento é inconsciente.

Embora nos achemos animais racionais, inteligentes ou outras ideias que valorizando a capacidade intelectual, essa nossa perspectiva sobre nós é parcial. Talvez tenhamos mais capacidade de raciocinar do que outros animais, porém, ainda assim, não é uma diferença tão grande.

Somos instintivos, ou seja, reativos. Reagimos conforme as nossas emoções sem entender o motivo destas. Assim, fazemos escolhas sem perceber e, por não perceber, acreditamos que não as fazemos. Se não fazemos as escolhas e estas são feitas, alguém as faz e, com tal ideia, passamos a procurar os responsáveis por tais escolhas.

Quando as decisões nos agradam, somos gratos àqueles que achamos que sejam os responsáveis, sejam outros, entidades, divindades ou qualquer ideia que sacie a nossa percepção de que algo ou alguém nos fez um favor ao promover uma boa sensação em nós.

Quando as decisões nos desagradam, culpamos quem julgamos ser responsáveis e pedimos retratação ou indenização visando diminuir o nosso descontentamento.

Em ambos, tiramos a responsabilidade de nós e, quando fazemos isso, nos colocamos na situação de passividade, sem capacidade de reagir ou mudar. Dessa maneira, nos impossibilitamos escolher diferente e, por conseguinte, criar uma situação diferente.

Assim vive-se fazendo as mesmas coisas, seguindo os mesmos hábitos e torcendo para ter resultados diferentes, já que, para quem pensa assim, a vida é resultado advindo de outros fatores, como se a própria pessoa não representasse nada não tivesse poder de intervenção ou influência.

Para tal pessoa, ela não é um agente, mas um paciente, um resultado da vida e das interações que acontecem, incapaz de fazer algo por si mesma, como uma pedra que apenas sofre com ambiente e não tem como reagir.

Veja mais em uma vida cega.

A pessoa sente que não tem capacidade de fazer algo ou de mudar, porém não deseja viver o que vive. Por não ter segurança ou confiança em si mesma para buscar o que deseja, alega que alguém deva fazer, pois é a maneira que encontra de conseguir satisfação dentro da sua percepção de se incapaz de fazer por si mesma. A conclusão que a pessoa tem é que algo ou alguém deva fazer por ela, seja família, filhos, cônjuge, governo, empregado, chefe, divindades ou outros, fornecendo-lhe alegria e satisfação. Quem não aja dessa forma é visto por esta pessoa como ruim, mau, egoísta e outros adjetivos para desvalorizar ou desqualificar o outro visando manter a sua própria opinião (de que os outros devem saciá-la), valorizá-la e reforçá-la, bem como inibir tal comportamento desagradável alheio.

Existem pessoas que não responsabilizam terceiros por suas tristezas e, portanto, não buscam indenização. Contudo, a junção de se sentir incapaz de conseguir o que se deseja e falta de perspectiva de consegui-lo por outras vias estimula a pessoa a se sentir mais incapaz e prostrada, favorecendo um quadro depressivo.

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