O ideal é termos todas as nossas vontades realizadas e, portanto, ter tudo o que queremos exclusivamente para nós. Em outras palavras, queremos o individualismo.
- Queremos um tratamento medicamentoso específico para o nosso corpo para termos o melhor resultado com os menores efeitos colaterais;
- Queremos celulares para termos o controle total do aparelho e usá-lo quando desejarmos em vez de permanecer dividindo aparelho telefônico em residências ou mesmos os púbicos chamados de orelhão;
- Queremos escolas e professores que compreendam nossas dificuldades e facilidades, tendo mais paciência e didática nas matérias que temos dificuldade;
- Queremos médicos com especialidades diferentes do que um médico que saiba um pouquinho de casa assunto;
- Queremos residências exclusivas para nós em vez de dividirmos com outras pessoas;
- Queremos banheiros privativos em vez de públicos ou compartilhados para mantê-los da maneira que desejarmos e sempre livres quando quisermos;
- Queremos profissionais disponíveis para nos atender quando quisermos sem esperar em filas;
- Queremos tudo para nós quando nós quisermos.
No entanto, não queremos esperar pelo que queremos e não queremos pagar muito, mas não é possível termos ambos enquanto os demais desejam o mesmo que nós.
Como nós, os demais também querem satisfazer as suas vontades e, portanto, disputarão os serviços e bens ofertados elevando a concorrência individual. O resultado é que temos de entrar em filas e esperar os demais (que chegaram antes) se satisfazerem para chegar a nossa vez. A outra opção é oferecer mais recursos, normalmente dinheiro, para quem alguém nos dê o que queremos. Isso significa que hora temos que dividir com os demais quando há pouca oferta, hora nós escolhemos quando nós conseguimos ter uma oferta melhor e é assim que o ser humano funciona.
A produção em massa é facilmente realizada com a industrialização uma vez que máquinas fazem os mesmos processos produtivos repetidas vezes. Até mesmo de forma artesanal é mais fácil fazer sempre o mesmo do que produzir itens individualizados porque requer mais atenção, esforço e outros recursos. Dessa forma, a popularização é o resultado da produção em massa que, feito por máquinas, exigem menos recursos para a produção tornando-a mais barata. Sendo mais barata, mais pessoas podem adquiri-la.
Já a personalização requer mais recursos de dinheiro, tempo, atenção dentre outros tornando o produto mais caro. Sendo mais caro, menos pessoas os adquirem.
A única forma de conseguirmos o que queremos com rapidez e barato é desejarmos o que ninguém mais quer e é produzido, isto é, o que é lixo para os outros. Fora isso, temos de escolher em adquirir o que existe em larga oferta ou adquirir algo personalizado, barato ou caro. Sendo a individuação o processo de personalização de tudo, é algo desejável, mas caro.
Felizmente as tecnologias se popularizam e o que era caro num momento passa a ser mais acessível posteriormente e, assim, com o passar do tempo (desenvolvimento de tecnologias), mais e mais pessoas conseguem ter o que desejam elevando o nível de satisfação da sociedade.
Queremos a individuação porque ela satisfaz mais as nossas vontades e não queremos ter de esperar. Contudo, o preço para ter algo personalizado é justamente encontrar quem ofereça o que desejamos e, quanto mais específico é o que queremos, mais difícil é de se achar e, portanto, mais difícil é de encontrar oferta sobre o item que queremos. Se é mais difícil, provavelmente quem oferta o que desejamos elevará o seu preço tornando-o mais custoso.
Por outro lado, a popularidade abaixa os valores no mercado elevando a chance de mais pessoas terem (ou se aproximarem de ter) o que desejam.
No passado tínhamos de dividir telefones e computadores quando começaram a existir. Hoje temos celulares (telefones individuais) que são computadores (individuais) como resultado da popularização da tecnologia para produzir tais itens. Mais pessoas com mais bens, mais pessoas satisfeitas, mais pessoas individualizadas. Mais pessoas felizes.
Como não queremos esperar, criticamos o nascimento das tecnologias por serem caras e raras. Nós as queremos para nós, para nos satisfazer, então criticamos quando não podemos tê-las. No entanto, quando não conseguimos imaginar a tecnologia que possa nos saciar, nós não pensamos sobre o assunto e, consequentemente, não criticamos. Nós aceitamos que não temos como ter o que queremos porque não existe um meio para se conseguir e seguimos a vida. É dessa forma que as pessoas criticam mais quanto mais se têm enquanto as pessoas criticavam menos no passando porque não havia possibilidades de terem o que queriam.
É interessante perceber que quanto mais satisfação temos, mais angústia e reclamação fazemos porque elevamos o nível básico de prazer que temos com frequência. Como sentimos a diferença de satisfação, quanto mais satisfação temos, mais satisfação precisamos para realmente nos sentir bem e satisfeitos. Veja mais em A angústia da felicidade.