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Por que confundimos desejos com realidade?

O ser humano é passional, motivado por emoções intensas, denominadas paixões. Elas são a energia que faz o ser humano viver e buscar por algo. É por causa das paixões que agimos, construímos, criamos, trabalhamos, vivemos, sempre buscando por algum prazer, alguma sensação boa, a qual alivia e reduz a intensidade dessa emoção tão intensa.

 

  • O apaixonado se satisfaz quando está com o amado e se desespera quando está longe;

  • quem busca dinheiro trabalha para obtê-lo e quanto mais o deseja, mais aceita fazer o que não gosta ou por muito tempo para consegui-lo;

  • quem deseja poder não mede esforços para alcançá-lo;

  • quem deseja brigar vive provocando o outro, para que este entre na briga;

  • quem adora atenção social investe os seus recursos para tê-la…

O ser humano busca formas de satisfazer as suas vontades. Quanto mais intensa é a sua vontade, menos ele consegue pensar de forma analítica, lógica ou racional e consciente. O seu desespero para saciar a sua vontade é tão grande que não aceita a possibilidade de não consegui-la e é baseado nisto que ele conclui que exista a possibilidade de satisfazer a sua vontade. Assim se cria a premissa de que haverá satisfação, que é o objetivo principal.

Depois desta etapa, resta desenvolver uma forma para que o objetivo seja alcançado.

Quando queremos algo e não conseguimos, não abrimos mão do que desejamos ou aceitamos a falta ou a ausência de não termos o que queremos. A nossa mente cria distorções para manter a esperança de que teremos o que desejamos viva. É por conta disso que se começa a acreditar que algo ou alguém nos dará o que desejamos e é nesta fase que distorções da realidade começam a aparecer no pensamento.

  • O apaixonado nutre a ideia de que é correspondido, ainda que o outro o ignore;

  • quem deseja dinheiro e não tem um emprego que o satisfaça financeiramente acredita que um dia ganhará na loteria, que receberá um prêmio, que alguém lhe recompensará financeiramente, que o patrão dará um cargo mais alto ou uma bonificação, ou qualquer ideia que nutra a esperança de que ganhará dinheiro;

  • quem almeja poder e não o conquista acredita que um dia será descoberto, que será valorizado e, dessa forma, terá poder;

  • quem almeja brigar, disputando a “razão”, e não consegue sonha com o dia que calará a boca de todos ao seu redor com alguma argumentação irrefutável;

  • quem deseja reconhecimento social acredita que um dia as pessoas o valorizarão como ele quer.

O objetivo do pensamento é nutrir a ideia final, de que seremos saciados, e para isso usamos de todas as habilidades que temos, ainda que de maneiras desconhecida ou despercebida por nós mesmos.

Esta é a “realidade” que enxergamos, de que somos alguém com determinadas habilidades, embora o mundo e as outras pessoas não concordem conosco. Passamos a vida buscando formas de provar a “verdade”, que é essa visão que temos sobre nós mesmos, a qual representa o que desejamos.

Por ser uma “realidade”, concluímos ser um fato, algo imutável e parte do mundo real. É dessa forma que desejos são vistos como fatos, realidade ou “direitos”.

3 comentários em “Por que confundimos desejos com realidade?”

  1. Deixei de pensar dessa forma, após entender o funcionamento do nosso cérebro. Todas essas explicações são a mente, mentindo; claro que estou exagerando, mas resumindo é isso. Infelizmente não sabemos como nosso cérebro funciona, e estamos há 200 mil anos dando valor somente para a produção cerebral, a mente, e não o cérebro. Mas eu entendi, sinto por quem não quer entender. Que fiquem com essas e outras milhares de explicações mirabolantes, complicando o pobre cérebro que tem nada de complicado. Minha opinião, e sigo uma nova filosofia de vida, larguei tudo que acreditava, menos as convenções. E estou vendo que não sabemos o que é ser um ser humano. Abraço.

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