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Caráter bom ou ruim?

Caráter é o conjunto de características de personalidade que revelam a forma que a pessoa pensa através de suas escolhas e comportamentos. Invisível aos olhos, mas suscetível ao nosso inconsciente, são informações importantes que nos avisam como o outro reage, pensa, o que aceita, o que não tolera dentre outras.

O caráter é importante porque é a parte mais importante de uma pessoa visto que tudo que ela faz em sua vida e a maneira como faz são provenientes do caráter. Além disso, os relacionamentos são baseados em muitas informações inconscientes e poucas que conhecemos. É através do caráter que sabemos como persuadir uma pessoa, pedir um favor, cobrar uma resposta, fazer uma chantagem, manipular o outro, amaçar ou mesmo ativar os gatilhos nos outras induzindo-os a agirem como desejamos. Da mesma maneira, os demais fazem isso conosco.

Poucas pessoas têm consciência ou controle sobre todos esses modos de se influenciar o outro. O inconsciente, o nosso caráter, também é responsável por identificar e se relacionar com o caráter da outra pessoa.

Características, assim como objetos, não são boas ou ruins, apenas existem. O que nos agrada consideramos bom e o que nos desagrada consideramos ruim. Muito simples. Se queremos que o outro nos satisfaça, somos a favor do altruísmo (no outro) e, assim, afirmamos ser uma característica boa. Se desejamos uma boa comida, a pessoa que tem o dom de cozinhar é vista como boa; se gostamos e desejamos elogios, aqueles que os fazem são vistos como boas pessoas e agradáveis; se queremos atenção, quem nos ouve é uma pessoa boa. Assim, uma pessoa que se importa com os demais, gosta de trabalhar, de nos ouvir e de nos ajudar é uma pessoa de bom caráter (para nós). Já quem busca o melhor para si mesmo, é egoísta e não se importa com os problemas alheios é uma pessoa com caráter ruim ou sem caráter (bom) porque não nos satisfaz.

O bom e o ruim é o resultado da sensação de uma pessoa diante de uma situação ou pessoa o que configura uma opinião, não uma afirmação ou fato. No entanto, insistimos em falar nossas opiniões como se fossem fatos através de afirmações e, por tal, são ouvidas como se assim fossem (verdadeiras) o que causa muita discórdia porque, constantemente, provas surgem refutando as nossas afirmações e quem acreditou em nós começa a não confiar mais tanto em nossas ideias uma vez que não dizemos o que queremos dizer.

Para evitar tais conflitos, que são regulares, aprender a diferença entre sentimentos, pensamentos, comportamentos, fatos, provas e evidências é essencial bem como saber usar as palavras adequadamente com os significados corretos em vez de distorcê-los para que caibam em nossa visão pessoa de mundo (o que desejamos que seja, não o que é de fato).

Temos a tendência de acreditar que o bom seja certo e o ruim seja errado, ou seja, ditamos que o que nos incomoda seja errado e, portanto, deva ser proibido ou abolido, e o que nos faz bem deva ser feito por alguém criando o direito de recebermos ou termos o que gostamos de que receber ou ter.

Dessa forma, se uma sociedade considera correto escravizar algumas pessoas, como as que têm dívidas, as pessoas de bom caráter são aquelas que as escraviza, quem recupera os escravos ou os controla. Se uma sociedade acredita que violência física seja errado, então pessoas que perdem o controle sobre si mesmas e agridem outras são pessoas sem caráter. Contudo, se acreditarmos que podemos usar da violência para defender a “honra” de alguém, então consideramos esta pessoa violenta como alguém de bom caráter. Se uma sociedade acredita que mulheres não devam ter liberdade em suas vidas, aqueles que as “educam” (repreendem) são as pessoas de caráter enquanto as mulheres livres são vulgares e sem caráter, algo que há décadas ou séculos atrás era visto como correto essa maneira de pensar e agir. Atualmente, aqui no Brasil, esse conceito não é mais aplicável, embora haja rixas em muitos lugares. assim, o que era tido como certo e bom no passado, hoje é visto com repúdio, errado e até incompreendido.

Assim, não existe nem certo nem errado, apenas opiniões. Quando as opiniões de pessoas que têm poder de mudar algo discorda do conceito de certo e errado em vigor, a legislação é alterada criando o movimento social constante ao longo do tempo. Algumas sociedades são atualizadas mais rapidamente, outras levam mais tempo, mas nenhuma permanece constante e isso prova que o que é certo e errado não são fatos, mas opiniões e mutáveis de acordo com a maneira de pensar dessas pessoas.

Da mesma maneira que certo e errado revelam opiniões e mudam com o tempo, a definição de um bom caráter também é alterada. Para algumas pessoas, um bom caráter é aquele deseja fazer coisas boas, ainda que a pessoa não faça em si; para outras, um bom caráter pode ser resumido a uma pessoa que cumpre suas palavras; para outras, uma pessoa com um bom caráter é quem as elogia ou inflama seus desejos sufocados; há quem acredite que um bom caráter seja uma pessoa obstinada, regrada e planejada; há quem pense que ambição seja uma boa característica; para muitos, o bom caráter é (o outro) ser altruísta; para muitos outros, o egoísmo é um traço positivo da personalidade.

Como o bom e o ruim são opiniões, não existe uma definição clara e precisa do que é um bom caráter ou um caráter ruim e outra prova disso é que se a pessoa está sozinha, ela tem apenas o caráter sem qualquer julgamento.

 

 

 

 

 

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