Muitas pessoas lutam para terem reconhecimento, várias sofrem por não tê-lo e poucas sabem o que é.
Um sentimento que diz muito sobre a pessoa, mas que, por não ser estudado, é facilmente ignorado e negligenciado. Como algo tão importante para alguém, que pode lhe render felicidade ou sofrimento, pode ser tão ignorado pela mesma pessoa?
O reconhecimento é o valor que alguém tem perante outra pessoa, ou seja, o valor que o outro dá a esta pessoa. Dessa forma, é o resultado do outro, não da pessoa em si e, por conta disso, algo difícil de ser controlado.
Podemos ser produtivos e agradáveis gerando bem-estar no outro e, dessa maneira, sermos importantes para este. Dessa forma, temos valor. Mas o reconhecimento não é somente ser importante, mas sentir ser importante e isso varia de pessoa para pessoa.
O que nos faz sentir termos importância? Pode ser um presente, um discurso, uma declaração, uma prova de amor, um pedido acatado. Cada pessoa tem a sua maneira se interpretar e sentir o mundo e, portanto, de se sentir importante e valorizada de volta.
O reconhecimento é uma sensação de que o outro nos valoriza e, para isso, é preciso que o outro faça o que nos gera essa sensação. Então, não é apenas o resultado vindo do outro, mas um resultado em nós que é resultado do que o outro faz.
O reconhecimento pode vir da própria pessoa, mas é necessário maturidade e habilidade para fazer por si mesmo. Apreciar os próprios resultados, valorizar as suas ações, planos e conquistas são maneira da própria pessoa gerar reconhecimento em si. Ao se deparar com a sua produtividade e bem-estar conquistado por si mesma, a pessoa se sente bem consigo mesma e não sente falta de reconhecimento. Contudo, ainda que a pessoa consiga fazer isso, necessitamos do reconhecimento advindo dos outros.
Vivemos em sociedade e somos aceitos e cuidados por sermos produtivos. É uma troca onde fornecemos bem-estar e os outros fazem o mesmo. Nós oferecemos o que temos e pedimos o que queremos num ciclo de trocas sem fim. Então, ser importante para os outros significa que eles preocupar-se-ão com o nosso bem-estar e, portanto, buscarão atender às nossas vontades e aos nossos pedidos. Logo, dependemos dos outro e, por isso, sermos importante pra os outros é algo tão importante em nossas vidas.
O reconhecimento, portanto, não é apenas um bem-estar momentâneo, mas um resultado de sermos importantes para o grupo, o que nos é crucial. Dessa forma, o reconhecimento é derivado do relacionamento que temos para com os outros e, sendo bom, somos reconhecidos, sendo ruim, não temos reconhecimento.
A falta de reconhecimento costuma estar associada ou mesmo definida pela sensação e esforço sem resultado. Nós nos esforçamos para satisfazer o outro e não temos o retorno que queríamos. Facilmente nos sentíamos usados como um objeto que, após ter tido serventia, é esquecido e, no caso do ser humano, após nos esforçarmos para atender as vontades do outro, o outro nos ignorar e a nossa vontade não é satisfeita.
Embora não haja um contrato explícito sobre os afazeres e as trocas a serem realizadas, eles existem. Fazemos algo acreditando que o outro ajudar-nos-á quando precisarmos e, quando isso não acontece, ficamos chateados, magoados e com raiva do outro por não ter feito a sua parte do “contrato” (que estava somente em nossas cabeças). Nós nos esforçamos para satisfazer o outro, mas este não faz o mesmo. Então, nos sentimos cansados por nos esforçarmos e frustrados por não conseguirmos o resultado esperado (que o outro atendesse às nossas expectativas). Esta é a falta de reconhecimento: esforço para satisfazer o outro sem que o outro faça o mesmo.
As questões são: a culpa é do outro? O acordo feito fora explícito ou apenas expectativas pessoais? Quão desgastados estamos? Por que teimamos em acreditar que apenas esta pessoa possa nos satisfazer? Por que não buscamos outras pessoas para nos satisfazer? Por que não buscamos formas de nós mesmos, individualmente, nos satisfazermos?
Muitas perguntas, mas uma simples resposta: acreditamos que a realidade deva ser como desejamos que seja e, em vez de tentarmos nos adaptar, tentamos controlar os outros e adaptá-los ao que nós queremos como realidade e, com todos ou grande parte das pessoas pensando/se sentindo assim, a briga para se impor (impor o ideal de realidade)´é o resultado constante para todas avenças (realidades que nos desagradam) que encontramos na vida.