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Conduta exemplar

Muitas pessoas alegam que falta exemplo de boa conduta das pessoas que possuem mais poder. Mas porque há necessidade de exemplo por parte delas se já sabemos o que é certo ou errado?

A questão não é ter exemplo ou não, mas a sensação de serem enganados. Agir corretamente não gera o mesmo ganho que agir de maneira considerada errada. Portanto quem age de maneira errada consegue resultado melhor e mais satisfação, sendo esse o motivo pelo qual as pessoas desejam agir de tal maneira.

Diante da possibilidade de agir corretamente sem benefício e agir erradamente com benefício a primeira opção parece ser estúpida, contudo, por algum motivo nós a veneramos. Então vivemos o conflito de como agiremos: de maneira certa ou errada.

Agir de maneira certa não nos beneficia (tanto) como de maneira errada. Entendemos que seja um sacrifício escolher dessa maneira. Diante da realidade de que outras pessoas escolhem a segunda opção, tendo o próprio benefício imediato, em prol do benefício coletivo. Em outras palavras pode se dizer que soma-se os benefícios para uma pessoa só quando age erradamente enquanto que se divide os mesmos pelo grupo (sociedade) quando age da primeira forma. Ainda que tenhamos benefícios por pertencermos ao grupo, esse é muito menor do que se escolhêssemos a opção egoísta.

O que nos motiva a agir de maneira certa (beneficiando o grupo em vez de nós individualmente) é saber que os demais farão o mesmo. Não agimos de forma certa por acharmos que seja certa, mas por esperar que os demais a façam, gerando benefício para o grupo, no qual estamos inseridos. Dessa maneira a “falta de exemplo” mostra que não somos beneficiados pelas atitudes alheias. Como são essas que nos motivam a agir dessa maneira também, escolhemos também não sermos exemplos. Sentimos que somos enganados quando nós fazemos para o grupo e o mesmo não retribui. Essa sensação nos leva a acreditar que estão abusando de nós e não desejamos isso. Para evitar essa sensação evitamos sermos enganados e, assim, de agirmos corretamente.

A questão não é o exemplo, já que sabemos o que deve ser feito ou não. A questão é acreditamos que somos passados para trás, que somos desvalorizados e usados por outros quando, na verdade, nós (a maioria) queremos fazer isso. Toda vez que ignoramos as necessidades alheias e desrespeitamos alguma regra, ainda que não seja esteja numa legislação, nós agimos de maneira a conseguir o nosso benefício individual em prol do grupo.

A conduta exemplar que o povo clama não é o reflexo de si. O povo deseja alguém que o satisfaça e essa é a conduta “exemplar” (desejada; esperada) que o povo quer. Contudo as pessoas no poder e que possuem mais atenção são pessoas, exatamente como o povo. Elas são reflexo da soma dos indivíduos e não enxergar isso não as mudará.

 

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