O coliseu foi um local de jogos que divertiam a população com o que as entretinha: lutas, dor e morte.
Atualmente as lutas são condenadas por serem vistas como ruins, mas as lutas sociais (brigas na área mental, intelectual e emocional) ainda existem e são o entretenimento da atualidade.
Fofocas e brigas dão audiência por serem divertidas para quem assiste. Programas sobre esses temas surgem e se mantêm por esse motivo. Não apenas falar sobre pessoas famosas, mas acompanhar pessoas através de reality shows.
Este é o nosso coliseu que oferece jogos divertidos onde as pessoas torcem, celebram a vitória de alguns, assistem com ansiedade e olham a vida social (reputação) das pessoas serem torturadas e mortas diante do enorme público.
Prezamos pela vida física. Por isso condenamos brigas e morte. Porém a vida social, tida como reputação e muito importante para a vida numa sociedade, passa pelo mesmo processo que as vidas físicas passavam dentro da grande arena do coliseu.
Nada mudou. Continuamos torturando e matando pessoas pelo prazer de vê-las sofrer. Gostamos de apreciar a raiva, a fúria, a paixão, o tesão, o medo de segredos serem revelados, a preocupação de ser caluniado, a revolta por injustiça, o desespero da solidão ou incompreensão, a preocupação que boatos e mentiras sejam acreditados e a pessoa caia no descrédito e na desvalorização social. Até os gritos e xingamentos são celebrados e mesmo tapas e socos, os quais são o início da luta física.
A transição da luta social para a física é imperceptível. Só percebemos quando já houve a transição e a luta física na está instaurada. Somente neste momento tentamos controlar e pôr um fim, mas ainda assim isso não é tão comum. Gritos da plateia e torcida alavanca e motivam ainda mais a luta mostrando o nosso apreço pela violência e sofrimento alheio.
Escravos e sentenciados à morte eram levados à arena do coliseu para dar espetáculo e alegria à plateia. Hoje temos pessoas selecionadas para serem condenadas e perseguidas por mídias para entreter à sociedade que assiste através de dispositivos eletrônicos.
Alguns lutadores livres lutavam por espontânea vontade para ganhar fama e reconhecimento social na grande arena do passado. Atualmente temos pessoas que buscam aparecer socialmente, entrando em confusões e provocando brigas (sociais) para ganha-las e, então, ganhar o apreço do público.
O que julgamos ser barbaridade é feito atualmente. A diferença é que não é mais no campo físico, mas no campo emocional. Talvez daqui há uns 3000 anos a sociedade considere o nosso entretenimento como barbaridade tal como condenamos o entretenimento do passado como barbaridade.
Fazemos o que séculos atrás fazíamos. Só mudamos a tecnologia e maneira de COMO fazemos.
Não importa que queiramos acreditar que a humanidade seja boa ou que melhorou muito. Ela tem qualidades, porém possui o que nós mesmos consideramos defeitos e a apreciação do sofrimento alheio é um desses.
Aprofunde-se no assunto em Hipocrisia: certa ou errada? Boa ou ruim? Por quê?
