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A “ajuda” do homem na casa

Parece haver uma briga entre os sexos acerca do trabalho doméstico proveniente das mulheres. Muitas alegam que o homem faz parte da casa e que, por esse motivo, tenha o dever de colaborar com as tarefas domésticas. seguindo esse argumento, os filhos, netos, avós e todos que moram juntos devem possuir o mesmo dever por fazerem parte da caso.Isso geraria muitos outros questionamentos desde qual idade a pessoa deveria colaborar, como e outras perguntar.  No entanto esse argumento é usado para sustentar a ideia de que homens (os companheiros) devam ajudar nos serviços domésticos.

O fato é que muitas mulheres alegam que o homem tenha o dever que contribuir nas atividades domésticas, embora não veja tantos homens revidando o “ataque” de tal alegação. De onde vêm essa percepção?

Há um tempo atrás o comum ou desejável era que o homem trabalhasse fora de casa, fazendo o dinheiro, e a mulher dentro de casa, nos cuidados e preparações diretas. Isso significa que homens produziam itens ou forneciam serviços em troca de dinheiro e as mulheres produziam itens de uso direto, como alimentos, e serviços de bem familiar, como arrumação e limpeza da casa.

Em um determinado momento as mulheres pressionaram a sociedade exigindo direito ao trabalho externo remunerado. Elas conseguiram e adquiriram este direito. Então passaram a ter a obrigação de antes, o trabalho doméstico, e o direito (opcional) de trabalhar fora com remuneração.

Muitas escolheram a segunda opção para evitar situação incômodas, como a dependência financeira do marido, o que criava uma sobrecarga (emocional). Porém a jornada de trabalho total ficou desagradável, já que passou a ter coisas para fazer. Por conta disso passaram a pedir ajuda do homem nas atividades domésticas e depois começaram a criticar essa percepção. Foi adotado por muitas mulheres a ideia de que “o homem não ajuda em casa. Ele faz parte da casa.” De fato é, porém sempre fez. Isso não é atualidade, apenas constatação da realidade do que seja uma convivência.

As mulheres pediram para trabalharem fora, conseguiram, trabalham fora e agora reclamam porque trabalham fora e estão sobrecarregadas com as inúmeras tarefas. O problema é o trabalho fora? É o trabalho doméstico? Parece que o problema seja a insatisfação feminina que parece não saber o que quer.

Isso não é problema. É o primeiro passo rumo ao pensamento e descoberta. Para sabermos o que desejamos nós experimentamos o mundo, excluindo do nosso gosto o que não nos agrada. Esse método por exclusão é o mesmo método usado na ciência: tem-se uma teoria e a testa. Se o resultado comprova a teoria, não há mais o que se fazer. Caso o resultado contradiga a teoria, a abandona e cria outra. Esse resultado “negativo” (de não comprovação”) é essencial para criar outra teoria e este método pode ser usado na vida. Se as mulheres não estavam satisfeitas em trabalharem somente dentro de casa, criaram a teoria de que trabalhar fora seria melhor. Contudo a mudança não gerou a melhoria desejada. Portanto é necessário analisar e gerar outra opção. Talvez a criação de empregos de meio período possa ajudar; homens executarem mais tarefas domésticas; aceitação da realidade (não exigir iniciativa alheia); planejamento; opções combinadas…

Alegar que homens devam fazer atividades domésticas não é um argumento forte. Muitos homens moram sozinhos e, portanto, os fazem. Isso é advindo de outra alteração social: a aceitação social de morar sozinho ou não se casar.

Antes a razão pela qual se saída da casa dos pais (socialmente aceito) era por casamento. O indivíduo crescia o suficiente para tomar o papel de seu pai ou mãe e buscava alguém para criar este papel através do casamento. Então tudo se replicava. Atualmente morar sozinho, com amigos ou a casar tarde são aceitas na sociedade sem discriminação. Ter estas opções faz com que a organização anterior com papéis bem definidos deixe de existir e, sem esta definição não há motivo para mulheres buscarem o direito de trabalhar fora. Agora há a individualização, onde cada um é responsável por si, não é mais parte de um casamento (necessário). A mulher se sustenta e mantém a própria casa assim como o homem. Se cada um faz ambos, não faz sentido exigir que o outro faça um dos dois.

Então, de onde vem a alegação de que homem deva colaborar nas atividades domésticas? Do cansaço. Elas não querem a colaboração do homem na casa, elas querem alguém que ajude nas tarefas. Como este alguém costuma ser um homem (marido) por se direcionarem à pessoa mais próxima que acreditam poder colaborar, elas concluem que o homem deva colaborar.

Para compreender mais sobre o pensamento conclusivo advindo do desejo veja Por que confundimos desejos com realidade e veja A confusão de um pensamento.

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