Quantas cores você enxerga?
O ser humano possui a capacidade de identificar um número determinado de cor por conta de sua própria fisiologia. Algumas pessoas conseguem distinguir uma cor de outra ainda menos, há quem enxergue menos cores e há quem não enxergue. Independentemente das pessoas enxergarem ou não, as cores existem. Isso mostra que às vezes não conseguimos detectar uma determinada característica, mas ela exista.
Entre o branco e o preto existe uma infinidade de cores e nós as identificamos como cinza, simples assim. Ao comparar um cinza com o outro nós detectamos se é mais claro ou escuro que o outro, isto é, comparamos. Não identificamos o “grau” ou a “intensidade” do cinza porque isso varia tão pouco de um cinza para o outro que nós não detectamos. Quando conseguimos detectar a diferença entre um cinza e outro é porque nós comparamos ambos os cinzas e percebemos diferença entre eles. Contudo a diferença não aparece somente nesta comparação, ela já existia porque já havia cinzas diferentes, nós que não conseguíamos detectá-la. É como se comparar pixels: não temos capacidade visual para identificar um pixel de outro. Nós vemos o conjunto em forma e imagem.
Da mesma forma existem infinitos números entre 0 e 1, ainda que não o percebamos. Muitas vezes “enxergamos” os números inteiros, às vezes os decimais e quanto mais longe da unidade mais difícil nos é de “enxergar” ou perceber. Assim, acabamos desconsiderando as frações distantes da unidade em nossos cálculos e agimos sem que eles façam parte de nossos planos. Porém não é por não considerá-los que eles não existam. Todas as informações, inclusive as desconsideradas, fazem parte do todo, da situação inteira e no resultado. Podemos arredondar o número 4,05628723911245 para 4,05 e fazer a contas baseado nesse valor, mas não será o valor real porque não usa-se o valor/número real e é na diferença entre as nossas contas e o valor real que temos a surpresa do resultado não bater com os nossos planos, exigindo que nos adaptemos à “nova” situação que não nos programamos.
Há quem enxergue as frações do número e as leve considerações em seus planejamentos. Isso faz com que os resultados calculados se aproximem mais do resultado real, diminuindo a discrepância e a surpresa. Há que enxergue menos estas frações e faça os cálculos com números arredondados, o que gera um resultado distante do real.
É fácil visualizar essa pequena diferença repetidas muitas vezes gerar uma diferença grande no final quando se trata de números. As cores também ajudam a perceber a mudança gradual e como essa graduação se torna uma outra cor totalmente diferente.
Numa escala de 0 a 1, onde fica o número 0,528946735127?
0 |_________________________________________________| 1
É difícil identificar. Conseguimos perceber os extremos: 0 ou 1; branco ou preto; torto ou reto; bom ou ruim; certo ou errado e etc.
A percepção direta é tão difícil que uma técnica mental que usamos é a comparação para colocar a percepção em extremos. Ao percebermos os extremos rapidamente sabemos qual é o melhor a escolher, caso contrário ficamos com tanta dúvida que ficamos angustiados. Escolher entre o bom ou o outro bom? É mais fácil escolher entre o bom ou o mau.
A percepção é individual. Como dito, cada um enxerga um determinado número de cores e uma quantidade determinada de números entre 0 e 1. Os que mais enxergam são quem consegue se dar melhor na vida por poder calcular e planejar a vida de acordo com os números mais exatos, o que leva a uma previsibilidade e planejamento mais perto do adequado da realidade. Em outros termos, quem mais possui conhecimento sobre uma situação terá uma atitude que conduzirá para um resultado mais promissor.
Acontece que as frações numerais ou as cores no degradê não são visíveis na vida. Essa metáfora é aplicada aos sentimentos, emoções, intensidade de emoções, capacidade de pensar, de planejar, de aprender, de entender o que se passa com todos os envolvidos, saber o que eles desejam ou farão, de produzir o próprio sucesso, de conseguir convencer os outros…
A vida não é feita de 1 ou 0 nem de branco ou preto. Quem enxerga as nuances consegue usá-las a seu favor bem como entendem mais o mundo e preveem o resultado com mais precisão. Quem enxerga os extremos ignora todo o restante e a sua conta ou planejamento da vida fica distante da realidade por excluir essas outras características e itens.
Por mais que tentemos enxergar mais ou melhor, sempre há algo que não percebemos. Isso é lógico assim, mas não é fácil de praticar porque temos medo. Apegar-nos no pouco conhecido que temos nos dá segurança e bem estar, o que gostamos e buscamos. Por isso que levar em consideração o desconhecido na vida prática é tão difícil: temos medo.
Acredite, você não sabe tudo! Sabemos disso, mas agimos como se soubéssemos porque assim temos mais segurança. Assim ignoramos com confiança o que não sabemos e desejamos impor essa nossa convicção a outros. Quando os outros concordam conosco, a paz se faz. Entretanto quando o outro enxerga mais do que nós e quer nos ensinar, nós brigamos por medo de perder a nossa confiança no pouco que conhecemos e por medo de descobrir que fazemos “errado”, além de não confiarmos nas informações recebidas por não conseguirmos “enxergá-las” (não sabemos se são reais porque não as percebemos). Ademais, quando nós queremos mostrar ou ensinar a alguém também criamos conflito porque enquanto para nós é óbvio e tranquilo, para o outro é aterrorizante descobrir coisas novas que vão contra às suas crenças e compreensão do mundo (situação oposta da anterior). Assim, às vezes somos os inteligentes que sabem muito e às vezes somos os burros, que se recusam a aprender.
Embora ajamos de maneira a ignorar o que não percebemos (conscientemente), nós reagimos ao que não percebemos de maneira inconsciente. O mundo não será 0 e 1 só porque as pessoas o vêm ou entendem desse jeito. Elas vivem num mundo com números desconhecidos e reagem a estes de maneira inconsciente.
O que podemos fazer é desvendá-los para agirmos de maneira mais consciente.
Um caso para se analisar cuidadosamente e perceber a percepção extremista que o ser humano faz está em Homem ou menino?. Boa leitura.